Fortalecimento
A necessidade de agregar as demais empresas do segmento arrozeiro e estabelecer uma padronização do processo industrial baseado na gelatinização por vapor, atendendo à norma norte-americana, foram fatores decisivos para a criação da Associação das Indústrias de Arroz Parboilizado (Abiap), em 1986. Até 2010, a entidade foi presidida por Alfredo Treichel. Em 2011, o gerente comercial da Camaquã Alimentos, Marco Aurélio Amaral Jr., assumiu o cargo. “A Abiap conta atualmente com 16 indústrias associadas, além de duas empresas que embalam suas marcas em indústrias credenciadas. Em 2012 já deveremos ter 20 empresas associadas em todo o país”, estima Marco Aurélio.
Com a estruturação da entidade, em 1986, surgiu também a necessidade da criação de um instrumento de certificação para garantir a qualidade do produto. Assim, em 1992 foi criado o Selo de Qualidade Abiap, que preconiza critérios técnicos “pétreos” envolvendo as Boas Práticas de Fabricação (BPF), com atenção à utilização de água potável, gelatinização dos grãos por vapor em autoclave, proibição de contato dos gases da combustão com os grãos na gelatinização e na secagem e comprovação de licenciamento ambiental, entre outros. “Criamos, em conjunto com a Cientec, o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e a Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), um manual de BPF que tem servido de parâmetro até para indústrias de outros países”, observa Treichel.
O empresário estabelece uma relação do Selo de Qualidade Abiap, com o selo do café, que nasceu como “selo de pureza” e só posteriormente passou a ser designado como “selo de qualidade”. “O arroz parboilizado já nasceu como selo de qualidade. Para ter direito ao selo estampado em suas embalagens, a indústria de parboilização passa por uma auditoria que resulta em laudo técnico emitido inicialmente pela Cientec e há uma década pela Ufpel. O documento de avaliação atesta se a empresa está habilitada ao recebimento desse referencial”, esclarece AlfredoTreichel. “Desde 1989, têm sido aprimorados critérios e ritos agrupados nos itens de auditoria”, explica o pesquisador da Cientec, Gilberto Wageck Amato, um dos avaliadores credenciados. “O arroz e seus produtos derivados – e o parboilizado, em particular – necessitam apenas ter a oportunidade de serem mostrados ao consumidor”, destaca.
SEGURANÇA
Com a implantação do novo sistema, que levava em conta o controle de qualidade, o cuidado com a segurança alimentar e as questões fitossanitárias (Treichel foi pioneiro no tratamento dos efluentes líquidos), os empresários associados estabeleceram um novo paradigma para a produção de arroz no Brasil: a transformação dos tradicionais engenhos em efetivas indústrias de alimentos.
O professor da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) e coordenador do Selo de Qualidade Abiap, Moacir Cardoso Elias, explica que o uso da expressão engenho está associado à cultura da cana-de-açúcar. “Na universidade, lançamos um desafio aos empresários: se uma pessoa, usando sapatos lustrados e roupa branca, entrar por uma porta e sair do outro lado com os sapatos ainda lustrados e a roupa branca, então é uma indústria”, observa Elias.
Para debater as questões referentes à participação do parboilizado no contexto do agronegócio brasileiro, bem como os avanços em pesquisa registrados pelo segmento, foi criado o Simpósio Brasileiro de Qualidade do Arroz. Moacir Elias destaca que já foram realizadas quatro edições do evento. “O que muito nos honra é o convite da Prefeitura de Pelotas (RS) para que a quinta edição do simpósio faça parte das comemorações dos 200 anos do município, em julho de 2012”, informa.