Fronteiras abertas
A conquista de mercados internacionais valorizou o arroz no sul gaúcho
A expansão do mercado internacional para o arroz gaúcho, registrada na última década, deu origem a um processo de valorização do produto da zona sul e, ao mesmo tempo que representou bons negócios para a indústria, garantiu capital e poder de negociação aos produtores.
Os dados da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) indicam que o Brasil exportou 2,1 milhões de toneladas de arroz beneficiado em 2022, que renderam 657,4 milhões de dólares em divisas. Esse volume foi 90% maior do que o registrado no ano anterior, quando 1,1 milhões de toneladas foram vendidas para o exterior.
“A indústria tem que exportar o produto beneficiado, mas a exportação do arroz em casca é o que traz equilíbrio ao mercado e não pode ser fechada, e isso também é bom para a indústria, caso contrário, se terá uma autofagia do setor, com o varejo pressionando as indústrias pela redução de preço, e elas descontando sobre o produtor”, analisou Fernando Reichsteiner, líder setorial.
A proximidade ao porto de Rio Grande garante tanto às indústrias como aos produtores da zona sul uma vantagem sobre as demais áreas do estado: fretes até 75% mais baratos. O cálculo atual é de que o transporte de cada tonelada de arroz da fronteira oeste até o porto tem custo de R$ 175, enquanto na zona sul o valor praticado é de R$ 42,00/t.
Embarques equilibram balança comercial e preços
As exportações têm peso diferenciado na hora de avaliar o desempenho da cadeia produtiva regional e, também, representam ganho para todo o RS no equilíbrio não apenas da balança comercial gaúcha, mas, inclusive, com relação aos resultados do próprio porto.
O balanço das movimentações no terminal de Rio Grande em 2022, divulgado na segunda semana de janeiro pelo governo do Estado, aponta para uma redução de 17,7% do movimento geral.
O mesmo levantamento, no entanto, mostra que a movimentação de arroz teve incremento de 13% com relação a 2021, o que significou a segunda variação mais positiva registrada no período, ficando atrás apenas do trigo, com aumento de 130%, com 3,2 milhões de toneladas movimentadas.
“A cultura do arroz é importante para a região e o estado, por isso, estruturamos o arrendamento de uma área olhando para esta cadeia. Hoje se tem um terminal dedicado ao arroz, e, como autoridade portuária, continuamos trabalhando para o fortalecimento do setor e buscando ser cada vez mais competitivos para auxiliar nossos produtos”, disse o presidente da Portos RS, Cristiano Klinger.