Futuro menos sombrio
Influência da radiação solar
nos resultados da lavoura
de arroz é alvo de estudos
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A radiação solar é um insumo importantíssimo para a produção de arroz. Mas, como o clima tem muitas variáveis a cada safra e os fatores climáticos interferem diretamente nos resultados da colheita, a equipe SimulArroz estuda a influência do sombreamento na cultura em diferentes regiões gaúchas. A meta é descobrir como a falta de radiação pode afetar os rendimentos e a sanidade da lavoura e de que maneira é possível ajustar o manejo diante de uma temporada com viés climático de dias mais sombrios.
Experimentos foram instalados em Itaqui e Cachoeirinha e em uma lavoura comercial em Santa Maria na safra 2017/18, o que dá maior abrangência ao trabalho nas diferentes zonas orizícolas e permitirá detalhar e ampliar o conhecimento sobre o comportamento da planta de arroz sob diferentes níveis de radiação solar.
Algumas experiências já existem no mundo, sendo a mais conhecida a de Yoshida & Parao, na década de 70, nas Filipinas. Mas seus parâmetros não estão adaptados à realidade gaúcha. Por isso é necessário atualizar o estudo em função do maior potencial genético das cultivares, dos diferentes sistemas produtivos e, também, do fato de o Rio Grande do Sul estar localizado em maior latitude em relação às Filipinas.
“Há necessidade de conhecer melhor a dinâmica de absorção de nitrogênio em condições de menor disponibilidade de radiação solar e como isso afeta a produtividade de grãos”, explica o acadêmico de Agronomia da UFSM Guilherme Foletto Pozzobon, responsável pelo trabalho com o graduando da mesma área, da Unipampa, Lourenzo Dalcin Meus. Este trabalho tem como orientadores o pesquisador Fernando Fumagalli Miranda, do Irga e da equipe SimulArroz, Cleber Maus, da Unipampa e SimulArroz Fronteira-Oeste, e Alencar Zanon e Nereu Streck, da UFSM.
Para identificar o comportamento das plantas, os pesquisadores submeteram artificialmente a cultivar Irga 424 RI a diferentes níveis de radiação solar (redução da radiação solar de 0%, 18%, 30% e 50%) durante três fases de desenvolvimento – vegetativa, reprodutiva e enchimento de grãos – simulando condições reais e possíveis de anos de El Niño visando superar a barreira de conhecimento sobre o tema.
DIFERENÇAS
Cada uma das fases de desenvolvimento é responsável pela formação de um ou mais componentes de rendimento e o arroz respondeu aos tratamentos sob diferentes níveis de radiação solar a que foi submetido. No momento da colheita ainda era possível identificar folhas verdes nos tratamentos com sombreamento. Os dados do ciclo 2017/18 estão sendo analisados, no entanto, já foi identificado que as produtividades gaúchas, sob estas condições, não diminuíram na mesma magnitude que nas Filipinas. Enquanto no Rio Grande do Sul houve redução de até 22% na produtividade das parcelas sob diferentes níveis de radiação solar, nas Filipinas a queda chegou 37%, e as hipóteses para este resultado são devido a latitude, o sistema produtivo ou a genética.
Para confirmar as respostas iniciais, a pesquisa será repetida na safra 2018/19 em busca de informação prática e de qualidade ao rizicultor. A meta é, identificando a dimensão da queda produtiva, desenvolver o conhecimento de maneira a possibilitar melhora das práticas de manejo de acordo com a previsão climática (anos de El Niño, La Niña e neutro).
Pozzobon: menos danos que nas Filipinas