Gaúchos retomam a colheita do arroz após danos dos temporais do El Niño

 Gaúchos retomam a colheita do arroz após danos dos temporais do El Niño

(Por Planeta Arroz*) A colheita do arroz progrediu sem contratempos até 20/03. No entanto, as intensas precipitações, ocorridas na madrugada de 21/03, ocasionaram a interrupção das operações, que permaneceram paralisadas até 23/03, sendo retomadas após a dissipação das chuvas e a elevação das temperaturas.

Estima-se que a colheita tenha sido efetuada em aproximadamente 25% da área de cultivo; 50% das lavouras encontram-se em fase de maturação; e 25%, em enchimento de grãos. Alguns relatos indicam a ocorrência de enxurradas e de acamamento de lavouras, em certas localidades, em decorrência das fortes rajadas de vento. Contudo, a extensão das perdas por acamamento dependerá do estágio de desenvolvimento das lavouras, mas a expectativa é que os danos tenham sido menores ou insignificantes em áreas nos estágios iniciais de desenvolvimento.

A área cultivada no Estado está estimada em 900.203 hectares, conforme o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). A produtividade está estimada em 8.325 kg/ha, segundo a Emater/RS-Ascar. Portanto, a produção deverá alcançar 7,494 milhões de toneladas. No entanto, é necessário lembrar que esta estimativa é anterior ao episódio de granizo, inundações e acamamento por fortes rajadas de ventos em quase todas as regiões arrozeiras gaúchas, em especial na Fronteira-Oeste, Zona Sul e Campanha.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Campanha, e que também compreende a Fronteira Oeste, a colheita varia de 15%, em Manoel Viana, a 45% em Maçambará. Alguns produtores relatam a incidência de grãos chochos devido às fortes chuvas durante a floração. Na região, houve acamamento das plantas em razão de rajadas de vento, cuja velocidade alcançou de 90 a 100 km/h. O fenômeno é considerado de alto risco, especialmente para as áreas em fase de maturação.

Contudo, em função da ausência de chuvas após o temporal e da previsão de tempo seco até o final de março, há boas chances de colheita, sem maiores perdas nessas áreas afetadas.

Em Uruguaiana, na Fronteira Oeste, ao retomar a colheita, alguns produtores relataram perdas relativamente pequenas causadas por acamamento e por degrane das panículas, variando de 1% a 2%. Já em alguns talhões mais afetados, as perdas ultrapassam 10%, especialmente onde as plantas ficaram em contato com o solo molhado ou com lâmina de água. No município, a colheita chega a 30% das lavouras, e a produtividade média está oscilando entre 10% e 12%, sendo menor que a safra passada, quando a produtividade superou a média histórica. Essa redução era esperada em razão da menor disponibilidade de radiação solar nos meses de novembro e dezembro, mas pode ser atribuída, em menor escala, aos impactos das enchentes, ocorridas no município, após o estabelecimento das lavouras próximas do Rio Uruguai e afluentes.

Na regional da Emater/RS-Ascar de Pelotas, Zona Sul gaúcha, houve intensa atividade de colheita até 20/03. Apesar dos danos causados pelo acamamento em algumas áreas, a cultura apresenta desenvolvimento satisfatório, considerado dentro dos parâmetros normais. Predomina o estágio de maturação, representando 66% das áreas, seguido pelo estágio de enchimento de grãos, abrangendo 11% das lavouras. Até o momento, 23% das lavouras foram colhidas. A produtividade obtida é semelhante à estimada inicialmente.

Na região de Santa Maria, a cultura foi a mais impactada pelos ventos, que provocaram o acamamento de lavouras, especialmente em São João do Polêsine, Restinga Sêca, Formigueiro e Santa Maria. Contudo, os prejuízos econômicos não devem ser significativos, visto que as lavouras mais afetadas ainda estão em estágio vegetativo, representando um percentual reduzido do contingente cultivado. Quanto ao desenvolvimento, aproximadamente 22% das lavouras estão em fase de enchimento de grãos, 50% em maturação, e 28% foram colhidas.

Na Regional de Santa Rosa, que alcança parte da Fronteira Oeste, as chuvas volumosas resultaram em enxurradas nas lavouras, causando sérios impactos nas atividades de colheita e danos consideráveis às estruturas de taipas e regadeiras. Essa condição tende a dificultar a manutenção da irrigação em áreas onde o plantio foi realizado mais tardiamente, podendo ocasionar perda de produtividade, além de aumentar a infestação de plantas espontâneas nesses talhões.

Na Região de Soledade, que alcança parte das regiões dos Vales do Rio Pardo e Taquari,  apesar dos ventos e de alguns acamamentos, o padrão de produtividade permanece satisfatório. As primeiras áreas colhidas têm demonstrado rendimentos excelentes e os grãos de boa qualidade devido à disponibilidade adequada de água, ao longo do ciclo produtivo, e ao manejo apropriado da irrigação. As elevadas temperaturas não causarão impactos significativos na formação dos grãos nos cachos.

Comercialização

Conforme o levantamento semanal de preços realizados pela Emater/RS-Ascar, no Estado, a saca de arroz em casca de 50 quilos apresentou redução de 3,08%, passando de R$ 102,52 para R$ 99,36. Os valores estão em sintonia com o Indicador de Preços Cepea/Irga-RS. (Com informações da Emater/RS-Ascar)

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