Governo retrocede e diz não ter proibido venda externa de arroz

De acordo com eles, os representantes do ministério alegaram que houve um mal entendido quanto à notícia divulgada na última quarta-feira, a respeito de um possível pedido do governo para que o setor privado não exportasse arroz.

Representantes do setor privado disseram ontem, na saída de reunião com representantes do ministério da Agricultura convocada para definir o rumo das exportações de arroz, que o governo descartou qualquer possibilidade de impor barreiras às vendas externas do grão. De acordo com eles, os representantes do ministério alegaram que houve um mal entendido quanto à notícia divulgada na última quarta-feira, a respeito de um possível pedido do governo para que o setor privado não exportasse arroz.

O ministro Reinhold Stephanes não participou da reunião, mas, ao sair do ministério, confirmou que não foi pedido aos agricultores que não exportem.

– Nós vamos deixar o mercado fluir, desde que não haja risco de desabastecimento – afirmou.

Quanto às barreiras (possíveis taxações ao arroz exportado), que estariam sendo estudadas pelo governo, o ministro disse que só serão adotadas em casos extremos.

Segundo o representante da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) na Câmara Setorial do Arroz, Francisco Schardong, as exportações brasileiras de arroz totalizaram 350 mil toneladas em 2007.

– E a meta de exportação deste ano é a mesma – afirmou.

O presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha, disse que o Brasil só exporta arroz para ganhar novos mercados.

Já o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Maurício Fischer, explica que, pela primeira vez nos últimos anos, o preço da saca superou o custo de produção. Fischer afirma que o arroz foi uma das últimas commodities agrícolas a ter valorização no cenário internacional.

Leilão

O Ministério da Agricultura e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) iniciarão no próximo dia 5 de maio os leilões de estoques públicos de arroz para regular o abastecimento do mercado interno. Serão ofertadas 55 mil toneladas do cereal, com preço de abertura de R$ 28 por saca de 50 quilos tipo 1 com rendimento 58/10. Os remates dos estoques públicos serão semanais, mas o volume dos próximos leilões ainda será definido e levará em consideração o resultado da primeira oferta. Até o leilão, não será tomada nenhuma decisão quanto às exportações.

O leilão tem o objetivo de conter a alta no mercado interno. Nos últimos dias, o arroz subiu 30%: a saca está cotada, hoje, em média, a R$ 30. A decisão da intervenção foi negociada com o setor produtivo e industrial na reunião realizada ontem. O diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento Agrícola e Pecuário, José Maria dos Anjos, disse que o Brasil não enfrenta problemas de abastecimento de arroz.

– Até fevereiro de 2009, final do ciclo da cultura, o mercado interno contará com 15,18 milhões de toneladas de arroz – afirma.

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