Governo vai leiloar estoques públicos de arroz
Volume ficaria entre 15 mil e 20 mil toneladas, cerca de meio dia de consumo no Brasil.
O governo federal deve anunciar nos próximos dias a realização de leilões de arroz em casca dos estoques públicos. O volume não é grande, entre 15 mil e 20 mil toneladas, mas a intenção é movimentar o fluxo de negócios no mercado doméstico, uma vez que as indústrias e varejistas já sinalizam com o interesse de comprar o grão em países de fora do Mercosul por causa da baixa disponibilidade interna. O volume equivale a pouco mais de meio dia de consumo no país. O Brasil, segundo expectativa para 2020, consome em média cerca de 30 mil toneladas diárias do cereal.
Atualmente, o governo brasileiro dispõe de estoques de aproximadamente 25 mil toneladas, mas quatro mil estão comprometidas com a doação ao Líbano, anunciada pelo presidente da República na semana que passou. Além disso, estrategicamente a União deverá manter entre mil e 2 mil toneladas para atender casos de emergência social ou catástrofes.
A venda dos estoques públicos é uma primeira cartada do governo no sentido de que a comercialização interna busque um ponto de equilíbrio, antes de analisar a suspensão da Tarifa Externa Comum (TEC) de 12% que incide sobre as compras de arroz de países extrabloco econômico. A decisão está tomada, mas os editais ainda não foram formatados, segundo fontes no Ministério da Agricultura.
Sérgio Gomes Santos Júnior, gerente de Fibras e Alimentos da Companhia Nacional de Abastecimento (MAPA), confirmou esta semana que o governo federal monitora a situação do mercado de arroz e está atento à relação entre oferta e demanda, considerando o cenário bastante ajustado. Explicou que tanto a realização de leilões de oferta de estoques públicos quanto uma eventual suspensão da TEC por alguns meses são alguns dos mecanismos disponíveis e alternativas que a própria cadeia produtiva apresentou aos organismos governamentais para buscar o equilíbrio do mercado, sem garantir, no entanto, que acontecerão.
Santos Júnior, no entanto, avalia que os estoques brasileiros e do Mercosul são capazes de dar suporte ao consumo doméstico, a menos que haja uma ruptura na oferta. Essa ruptura tem sido um dos fortes argumentos da indústria, do varejo e de tradings interessados nas compras de arroz da Ásia, Guiana e Suriname e, especialmente, dos Estados Unidos. A intenção do governo em realizar de leilões de venda do arroz em casca já foi anunciada extraoficialmente à cadeia produtiva, segundo dirigentes setoriais.