Guerra de gigantes

 Guerra de gigantes

Índia deve perder liderança em 2016

Grandes exportadores mundiais enfrentam
o clima, a crise e
políticas adversas.

Em 2014, contrariando todas as expectativas, a Índia superou por 400 mil toneladas a Tailândia como maior exportador mundial de arroz, chegando a 11,4 milhões de toneladas de arroz em base casca contabilizando cereal longo fino, médio, curto e aromático. Em 2015, a projeção da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) não é diferente. Mas em 2016 os tailandeses darão o troco.

Por problemas com a seca, os fazendeiros reduziram a área cultivada em alguns estados e a Índia deve consumir parte dos estoques, o que sempre leva à decisão governamental de restringir as vendas externas e garantir o abastecimento e os preços. Em 2015 os hindus se manterão fortes no mercado de arroz de baixa qualidade e no basmati (aromático), cuja importação foi retomada pelo Oriente Médio.

A Tailândia, também afetada por seca, reduzirá as duas safras anuais. Ainda assim, o país enfrenta problemas com a má qualidade dos gigantescos estoques formados entre 2011 e 2014 (cerca de 15 milhões de toneladas, das quais metade foi considerada imprópria para consumo humano e dirigida à produção de rações e etanol). Ainda assim, 7 milhões de toneladas foram comercializadas até setembro, com previsão de 10 milhões no ano – 1 milhão a menos do que no ano passado.

O terceiro maior exportador mundial, o Vietnã, também luta para manter sua posição frente à queda de preços na Ásia. O governo reduziu os preços mínimos de exportação desde agosto para garantir o espaço no mercado internacional, especialmente no Sudeste Asiático. A depreciação da moeda chinesa, o grande importador, também reduziu a demanda.

Este é o outro fator que interfere no mercado mundial: apesar do clima adverso que afeta as produções asiáticas, há grandes estoques e preços em queda. A crise mundial, que desvalorizou as moedas dos países emergentes perante o dólar e o euro, e as políticas internas complexas e movidas por decisões que não são técnicas – o governo da Tailândia caiu em 2014 por causa de um programa de valorização do arroz que não deu certo e acusações de corrupção – também afetam o continente. Na Ásia, o arroz é poder, antes mesmo de ser dinheiro. A liquidação de estoques deve elevar a Tailândia à liderança global em 2016.

FIQUE DE OLHO
Nas Américas, os Estados Unidos conseguiram evolução de 20% nas exportações até outubro pela perda de competitividade de alguns concorrentes. Internamente houve uma valorização por conta da seca que atinge zonas de produção. A expectativa de queda na produção futura também reflete nos preços. Os arrozeiros estadunidenses estão preocupados com a Parceria Comercial Transpacífico, que poderá deflagrar importações de arroz asiático para a região. No Mercosul, Argentina e Paraguai tiveram menor presença no mercado externo na temporada, o que influencia a nova safra. Ao mesmo tempo, o Brasil manteve-se nos mesmos níveis de exportação e deve chegar a 1,2 milhão de toneladas. Isso se deve à crise política, que gerou uma desvalorização ainda maior no real perante o dólar.

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