Há esperanças

 Há esperanças

Segundo semestre: preços melhores. Mas não muito.

Com base nos principais fatores que influenciam no mercado doméstico de arroz, se percebe que existem indicativos que permitem traçar perspectivas mais positivas para a comercialização da safra 2005/2006. O que preocupa, porém, é a velocidade com que essas mudanças ocorrerão. A tendência é de que os preços melhorem a partir do segundo semestre, quando passar a pressão de oferta da safra nova, os mecanismos de comercialização tiverem cumprido – mesmo que parcialmente – sua missão e finalmente o mercado sentir o impacto da menor produção brasileira.

O analista de mercado de arroz da agência Safras & Mercado, Tiago Sarmento Barata, afirma que mesmo com a safra menor, o suprimento no ano comercial 2006/2007 é alto porque os estoques são elevados. “Por isso, as ações do Governo Federal devem estabelecer o ritmo da recuperação dos preços”, frisa. Para ele, o que realmente é importante nesse momento diz respeito à taxa cambial. “A valorização artificial do real frente ao dólar é extremamente prejudicial ao mercado de arroz, pois tira competitividade do Brasil no mercado internacional e facilita enormemente as importações”, explica o consultor.

Segundo Sarmento Barata, este cenário põe em risco todo o esforço que a cadeia produtiva fez em conquistar uma fatia do mercado internacional, principalmente de arroz quebrado para a África. “Neste momento, com preços baixos no mercado doméstico, as importações são desnecessárias e ocorrem com o único objetivo de reduzir ainda mais as cotações internas”, explica. Vale lembrar que Uruguai e Argentina terão safras cheias, com cerca de 2,2 milhões de toneladas e 80% destinados à exportação, e tentam fechar as vendas dentro da média de oito dólares/saco (base casca) de 2005.

Para o consultor da Safras, a estimativa é de que o ano comercial 2006/2007 termine com uma redução de 27,6% dos estoques, o que reforça a previsão de reação de preços, mas tudo vai depender da relação cambial e conseqüentemente da balança comercial brasileira do cereal. Mantido o atual cenário, Barata aposta na redução das exportações e num ligeiro aumento das importações. Um eventual bloqueio às indústrias gaúchas afetaria ainda mais essa relação, com aumento do fluxo de arroz entre o Uruguai, São Paulo e Pernambuco, principalmente.

Questão básica
O analista da Conab, Paulo Morceli, afirma que todos os números da safra, estoque e as ações do Governo Federal indicam uma recuperação de preços para o segundo semestre de 2006, nada muito espetacular, mas algo acima do preço mínimo. O diretor comercial do Irga, Rubens Pinho Silveira, também aposta nesta tendência. “Não vai ser um ano de grandes preços, mas o cenário indica que vai se ajustar pouco acima do preço mínimo”. Alerta, contudo, que isso dependerá de muitos fatores. “Entre eles, postura do Governo Federal, passando pelo câmbio até o consumo”, explicou.

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