Impasse marca bloqueio em Itaqui

Consulado argentino pede apoio policial para liberar carga de arroz. Em Brasília, reunião é desmarcada .

O impasse entre os arrozeiros brasileiros e o setor produtivo da Argentina tende a se agravar nos próximos dias. A tarde de ontem foi de tensão para os agricultores que realizam bloqueio das ruas próximas à aduana de Itaqui e que impede seis caminhões de arroz vindos de Paso de los Libres de chegar ao município gaúcho.

A pedido do consulado argentino, foram deslocados policiais da Fronteira-Oeste para garantir a passagem das 180 toneladas de arroz. Mas os arrozeiros gaúchos mantiveram-se irredutíveis.
Os produtores pediram que a Justiça intercedesse para evitar o uso da força policial.

– Não queremos que o arroz acabe como o trigo do RS, morto pela concorrência argentina – explicou o presidente da Associação dos Arrozeiros de Itaqui, Manoel Vargas. No início da noite, as patrulhas dispersaram-se e a interrupção da via foi mantida.

Hoje, o ato deve receber apoio de produtores de Alegrete, São Borja, Quaraí e Uruguaiana. São esperados 500 agricultores para assembléia. ‘Enquanto não recebermos um comunicado oficial para suspender o bloqueio, ficaremos aqui’, disse ele.

Em Porto Alegre, as entidades do setor tentam marcar uma nova audiência para amanhã com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, em Brasília. A reunião, prevista para hoje, foi cancelada após um telefonema, para frustração dos dirigentes que estavam com passagem marcada.

– Infelizmente, essa é a notícia – disse o presidente da Federarroz, Valter José Pötter, que briga por adiamento dos custeios do arroz e mudanças nos leilões de contratos de opção.

O presidente da Farsul, Carlos Sperotto, criticou o descaso do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Segundo o dirigente, menos de 15% dos produtores conseguirão pagar as parcelas de custeio vencidas dia 15 e a vencer amanhã. O Banco do Brasil informou que ainda não há um levantamento sobre a inadimplência no RS. ‘Parece que ainda não caiu a ficha para o governo sobre o momento pelo qual o produtor está passando’.
O presidente da Farsul enfatiza que a equalização dos juros do R$ 1 bilhão liberado através do Fundo de Amparo ao Trabalhador em junho para produtores atingidos pela seca está completamente parada e há mobilização em outros estados.

– O Alerta do Campo continua. É bom lembrar ao governo que só anúncio não resolve – finalizou.

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