Importações e exportações brasileiras de arroz surpreendem no mês de abril

O analista de mercados Tiago Sarmento Barata, diretor da Agrotendências Consultoria em Agronegócios analisa o fluxo de importação e exportação de arroz do Brasil e do Mercosul.

De acordo com os números apresentados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), as importações e exportações brasileiras de arroz tiveram um comportamento surpreendente neste mês de abril. Apesar da redução da competitividade do arroz brasileiro em função da contínua desvalorização do mercado internacional, da posição desfavorável do real em relação ao dólar e da quebra na produção nacional, superior a um milhão de toneladas, os embarques para o exterior tiveram um crescimento de 258% em relação às 9.917 toneladas (equivalente casca) embarcadas no mês anterior, atingindo um volume de 35.515 toneladas. A outra surpresa foi o acanhado volume das importações brasileiras de arroz. Contrariando as expectativas de crescimento no ritmo da internalização do cereal, no mês de abril foram importadas 60.287 mil toneladas de arroz, um volume 3,7% menor do que havia sido importado no mês anterior (62.597 t) ou 20,3% inferior à importação média mensal do último ano comercial (75.666 t).

Apesar do aquecimento das vendas no mês de abril, as exportações tendem a ser bem menores nesse ano. E essa expectativa se justifica por basicamente três fatores: primeiro porque, nesse ano, devemos ter um mercado doméstico mais atrativo em conseqüência da quebra da safra no Rio Grande do Sul; segundo porque o mercado internacional segue enfraquecido e, em terceiro lugar, por causa da taxa de câmbio menos interessante para as exportações (no último ano comercial tivemos um câmbio médio de 1,92, enquanto que nos dois primeiros meses do atual ano comercial o cambio médio é de 1,77, com tendência de baixar ainda mais).

Nos dois primeiros meses deste ano comercial as exportações acumularam um volume de 45.433 toneladas, enquanto que no mesmo período no ano passado haviam sido exportadas 196.531 toneladas. Para que a projeção da Conab (500 mil t) seja atingida é necessário que sejam exportadas nos próximos dez meses mais 454,5 mil, o que significaria uma exportação média mensal de 45,4 mil t (exatamente a soma do que foi vendido nos dois últimos meses). A África segue sendo o principal destino das vendas, representando 43% do total comercializado. Se considerarmos que os negócios com a Suíça têm como destino final os países do continente africano, esse mercado passa a concentrar 72% da demanda. A principal mudança observada nas exportações nesse ano diz respeito às características do produto negociado. O arroz parboilizado (cargo ou polido), que no ano passado era o “carro-chefe” das exportações brasileiras (52%), perdeu espaço para o arroz quebrado que, nos dois primeiros meses desse ano comercial, já representa 67,2% do volume comercializado. No ano passado apenas 36,4% do volume total exportado era de arroz quebrado.

Quanto às importações, o Brasil absorveu nos dois primeiros meses deste ano comercial 122.884 toneladas de arroz produzido fora do país, isso significa 18 mil toneladas a menos do que havia sido importado no mesmo período no ano passado. Esse volume corresponde a apenas 10,2% do que está sendo projetado pela Conab para este ano comercial (1.200 mil toneladas), ou seja, a média mensal das importações deverá ir dos atuais 61,4 mil t para 107,7 mil t nos próximos dez meses para que a projeção oficial do Governo Federal seja atingida. A tendência é de que as compras externas apresentem um incremento nos próximos meses e o total importado pode até superar tal projeção. Historicamente o ritmo das importações brasileiras de arroz tem um comportamento bem tradicional, com maior concentração do fluxo no segundo semestre, quando passa a pressão de oferta do arroz em casca no mercado doméstico. No entanto, esse comportamento padrão não se verificou no último ano. As compras externas foram bem distribuídas ao longo do ano, influenciadas por um deslocamento da oferta do arroz em casca gaúcho para o segundo semestre. Para o ano corrente, a tendência é de que as importações voltem a se intensificarem no segundo semestre, quando a oferta de arroz em casca no mercado doméstico começar a ocorrer de forma ainda mais escassa, com as cotações internas em recuperação e com a possibilidade de uma desvalorização do mercado externo ainda maior em decorrência da entrada da safra asiática.

Os países do Mercosul seguem sendo os principais ofertantes do cereal ao Brasil. Nos últimos dois meses, Argentina, Uruguai e Paraguai foram responsáveis por respectivamente 41,8%, 35,6% e 22,2% do volume total importado. A participação do arroz uruguaio teve uma sensível redução se compararmos com o ano passado. Até agora foram importadas 43,7 mil toneladas de arroz uruguaio enquanto que nos dois primeiros meses do ano passado haviam sido comercializadas 71,9 mil toneladas deste país. Segundo informações de operadores uruguaios, o total até então negociada para o Brasil já é mais expressivo, possivelmente superior a 100 mil toneladas, mas que ainda não foram efetivamente embarcados. Há embarques comprometidos até o mês de julho.

Apesar de o volume importado ser, até então, menor do que mesmo período do ano passado, o volume financeiro envolvido é 10,4% maior. Isso se deve principalmente à maior intensidade das compras de arroz polido em relação ao cargo e em casca. Entre março e abril deste ano, 72,7% do volume de arroz importado é de arroz beneficiado, enquanto que no ano passado esse produto representava 58,9% do volume internalizado.

Outro ponto que merece ser dado destaque é a crescente participação do arroz paraguaio nas importações brasileiras. Reconhecido pela elevada qualidade do seu arroz branco, o Paraguai vem conquistando uma maior participação no mercado no Brasil a cada dia. Hoje, com pouco mais de 27 mil toneladas, esse produto já representa 22% do volume total importado e a oferta ao longo do ano pode chegar a 200 mil toneladas.

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Publicado mediante autorização formal de www.agrotendencias.com.br

1 Comentário

  • queria saber se possivel,planeta arroz temcomo fazer uma progesão sobre eventual preços para outubro e novembro 2010,em base nestas informaçoes sobre consumo interno,exportação e importação. espero noticias,obrigado

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