Indicação de Stephanes preocupa
Temor de lideranças é que distanciamento do setor possa gerar dificuldades para o novo ministro. Arrozeiros queriam alguém mais sintonizado ao agronegócio.
A indicação do deputado federal Reinhold Stephanes (PMDB-PR) para o Ministério da Agricultura (Mapa), apesar de não surpreender, casou preocupação em algumas lideranças do setor agropecuário gaúcho. O temor são as conseqüências do distanciamento de Stephanes do agronegócio. Entretanto, existe um sentimento de confiança na sua capacidade administrativa, já que o parlamentar é economista por formação, especialista em administração pública e teve passagens pelo Ministério da Previdência dos governos de Fernando Henrique Cardoso e Fernando Collor de Mello.
Segundo o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, não se pode deixar passar despercebido o fato de Stephanes não ser ligado ao setor.
– Esperamos que ele consiga formar uma equipe adequada, com liberdade para conduzir o Ministério.
O presidente da Federarroz, Valter Pötter, admite que esperava a indicação de um parlamentar mais sintonizado com o agronegócio, e que estivesse trabalhando pelos interesses do setor.
– Até o ministro entender o processo e ter intimidade com o Ministério, importantes programas podem ser interrompidos.
A bancada ruralista da Câmara dos Deputados chegou a classificar o novo titular da Agricultura de “aborígene” por ele não ser ligado ao agronegócio.
– Melhor seria se o novo ministro fosse do ramo, mas precisamos acreditar na capacidade de gerenciamento dele – disse o deputado Luis Carlos Heinze, integrante da bancada.
Ele citou como prioridade a discussão sobre a biotecnologia.
– Precisamos agilizar este processo de pesquisa, que está parado e do qual o Brasil depende.
Na avaliação do presidente da Fecoagro, Rui Polidoro Pinto, o conceito de bom administrador basta para credenciar Stephanes ao cargo.
– O importante é que ele siga cumprindo as políticas já alinhavadas anteriormente, como para a safra das culturas de inverno, especialmente a de trigo, e a garantia de comercialização dos grãos.
Para o presidente da Fetag, Elton Weber, o fato de o novo ministro ser de um estado agrícola também pode ser um bom sinalizador.
– Ele conhece as demandas e espero que inove.
Weber também ressaltou a importância da manutenção do apoio à agricultura familiar e o destino de mais recursos à fiscalização sanitária.