Insuficiência de água e preços baixos atrapalham nova safra
Analista de mercados do Instituto Cepa (SC) prevê quebra de safra e preços em declínio.
Conquanto ainda não haja condições para se estimar a nova safra nacional, já se esboça uma previsão de quebra entre 4% e 5% em relação à de 03/04. Independentemente do seu grau de precisão, esta primeira tentativa de mensuração da safra 04/05 reflete o atual desempenho de mercado do cereal nacional, bem como a perspectiva de estabilização ou de ligeira queda dos atuais níveis de preços.
Também reflete as condições climáticas desfavoráveis e ainda não totalmente superadas, em importantes regiões produtoras do Rio Grande do Sul e Mato Grosso, os dois principais estados produtores. A prolongada situação de insuficiência de água vem interferindo no cronograma de implantação da safra; sua persistência deve estimular um recuo mais expressivo em favor de outras culturas.
Para o estado gaúcho, a primeira estimativa da Emater/RS rebaixa em 4% a área em relação à da última safra, situando-a em 993,7 mil hectares. No estado mato-grossense, espera-se uma queda de área semeada próximo a 17% (cerca de 600 mil hectares). Nas regiões produtoras catarinenses, as operações de preparo do solo e plantio seguem sem maiores novidades. Aqui, mantém-se a expectativa de moderada expansão do cultivo do irrigado, variando conforme a disponibilidade de terras sistematizáveis em cada região. Não é demais esperar que se semeiem em torno de 150 mil hectares.
O mercado interno do produto, no entanto, enfrentou, até há poucos dias, a persistência do fluxo de importações do Uruguai e da Argentina. Por manter elevados os estoques do produto brasileiro, do gaúcho em particular, pressionou mais fortemente seus preços.A retração da comercialização do produto uruguaio, neste começo de outubro, estabilizou os preços do grão.
Tal estabilização, porém, não tem como impedir os produtores de comercializarem parte de sua produção para cobrir os custos da nova safra, o que caracteriza um aumento de oferta sem a correspondente demanda. É o que mostra a evolução recente dos preços.
Em 22/09/04, os preços ao produtor gaúcho estavam em R$ 32,00/sc de 50 kg em Capivari; em R$ 29,00/sc de 50 kg em Alegrete e Santa Maria e em R$ 28,50/sc de 50 kg nas demais praças gaúchas.
No dia 7/10/04, esses preços variavam entre R$ 30,50/sc de 50 kg em Capivari, R$ 28,50/sc de 50 kg em São Borja, R$ 28,00/sc de 50 kg em Pelotas, Alegrete e Santa Maria e R$ 27,50/sc de 50 kg em Uruguaiana.Nas praças catarinenses, ainda no mesmo período, os preços aos produtores permaneceram em R$ 29,00/sc de 50 kg nas praças de Araranguá e Criciúma e em R$ 28,00 em Itajaí e Blumenau; declinaram R$ 1,00/sc de 50 kg (para R$ 28,00) em Tubarão e Laguna; cresceram R$ 1,00/sc de 50 kg (para R$ 28,00) em Rio do Sul e Ibirama.
No atacado paulistano, ainda no mesmo período (base CIF, prazo de 30 dias e com ICMS), o fardo de 30 kg não variou de preços. Assim, os tipos agulhinha tipo 1 permanecem em R$ 39,00; o agulhinha tipo 2, em R$ 36,50 e o parboilizado Tipo 1, em R$ R$ 39,50.
Cesar A Freyesleben Silva/ICEPA -SC
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