Integrar para crescer

 Integrar para crescer

Pastejo rotacionado em área de várzea vem dando excelentes resultados

Projeto inédito integra produção de grãos à pecuária em várzeas
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O estabelecimento de pastagens para inserção da atividade pecuária em áreas de cultivo de arroz constitui alternativa para agregar aos sistemas de produção atributos de sustentabilidade biológica e econômica com base em princípios de produção integrada, tais como ciclagem de nutrientes, controle de plantas invasoras, eficiência do uso de insumos e complementariedade de renda. Esta é a plataforma do projeto Sistemas Integrados de Produção Agropecuária em Terras Baixas, que está sendo desenvolvido através de uma parceria público-privada entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Embrapa Pecuária Sul (Bagé) e Embrapa Clima Temperado (Pelotas), Serviço de Inteligência em Agronegócios (SIA), Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e Fazenda Corticeiras.

 

O projeto tem conotação científica e de transferência de tecnologia, com prazo indeterminado de duração. O coordenador do projeto, Felipe Carmona, engenheiro agrônomo e pós-doutorando na Ufrgs, explica que o trabalho foi implantado em março de 2013 em uma área de 18 hectares na Fazenda Corticeiras, no município de Cristal (RS).

“O objetivo é testar diferentes sistemas de produção agropecuária e apresentar, a partir do que for observado, os resultados relacionados à sustentabilidade ambiental, produtiva e econômica de cada um. Em um deles, que servirá como referência, se cultiva apenas arroz para ilustrar a monocultura do grão, enquanto os demais intercalam pecuária com diferentes tipos de cultivo, como soja, arroz, milho e pastagens”, informa.

Entre os objetivos específicos do projeto, Carmona destaca a recuperação de áreas física e quimicamente exauridas, a diminuição do banco de sementes de arroz vermelho (e mitigação do efeito residual de herbicidas do grupo químico das imidazolinonas) e, em relação à rentabilidade, a análise da viabilidade econômica dos diferentes sistemas de produção testados.

Segundo ele, por ser um projeto que engloba diversas culturas de grãos e pecuária, foi montada uma equipe multidisciplinar, que está engajada com o trabalho desde o início, formada pelos seguintes profissionais: Ibanor Anghinoni (Ufrgs), Paulo Cesar de Faccio Carvalho (Ufrgs), Danilo Menezes Sant’Anna (Embrapa Pecuária Sul), Davi Teixeira dos Santos (SIA), Paulo Regis Ferreira da Silva (Ufrgs/Irga), Jamir Luís Silva da Silva (Embrapa Clima Temperado) e Roberto Longaray Jaeger (consultor agronômico), entre outros doutorandos e mestrandos da Ufrgs, além de estudantes de iniciação científica.

Nova matriz produtiva na Metade Sul

Rotação de soja com arroz e pecuária em terras baixas é alternativa promissora às lavouras

Para o diretor-técnico do Irga, Sérgio Gindri Lopes, o projeto representa uma importante contribuição para transformar o processo produtivo na Metade Sul gaúcha combinando de forma integrada a agricultura e a pecuária. “A integração produtiva de arroz com milho, soja, pastagens e pecuária proporciona ao orizicultor alternativas diversificadas de produção conjugando os benefícios da agricultura para a pecuária e vice-versa”, avalia.

Lopes observa que quando há um trabalho de manejo e de fertilização do solo adequados o índice de acidez é ajustado, bem como os níveis de nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre, cálcio e magnésio. “Tudo isso aumenta a quantidade de forragem e, por consequência, a produtividade do gado. A pecuária, por sua vez, contribui com a agricultura porque os nutrientes absorvidos pelo gado voltam ao solo por meio dos excrementos dos animais, mantendo assim a fertilidade da lavoura. Além disso, investir em pastejo durante o inverno evita a ociosidade da terra entre os cultivos de verão. É um círculo virtuoso de reciclagem e aproveitamento que faz com que a gente melhore as características químicas do solo aproveitando essa sequencia de eventos”, compara.

O diretor-técnico do Irga considera vital para este novo cenário de integração lavoura-pecuária no Rio Grande do Sul, e do uso de alternativas de cultivo em várzea, a tecnologia desenvolvida nos últimos anos, seja ela em termos de manejo de solo e da lavoura, seja no desenvolvimento de novas cultivares ou mesmo de tecnologias como o uso do microcamalhão e sistemas de drenagem e irrigação, que reduzem o impacto dos estresses hídricos sobre as plantas. “Com estas tecnologias, os limitantes de produção do ambiente de terras baixas estão sendo superados. Um novo cenário agropecuário, social e econômico nesta região passa obrigatoriamente pelo desenvolvimento e consolidação destas tecnologias por meio de esforços como este, desenvolvido pelo conjunto de instituições de pesquisas do Rio Grande do Sul”, diz.

FIQUE DE OLHO
Os resultados obtidos até o momento com o projeto foram apresentados no II Dia de Campo – Sistemas Integrados de Produção Agropecuária em Terras Baixas, Investigando Alternativas para o Uso da várzea no dia 6 de agosto, na Fazenda Corticeiras, BR 116, Km 418, em Cristal (RS).

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