Inverno de neutralidade, mas com resquícios da La Niña que passou

Figura 1 – Projeções climáticas dos modelos de previsão para a anomalia da TSM para a região do El Niño. Fonte: International Research Institute for Climate and Society da Columbia Climate School.
Figura 2 – Previsão probabilística do fenômeno El Niño/ La Niña. Fonte: International Research Institute for Climate and Society da Columbia Climate School

Após um longo período com as chuvas sob influência do fenômeno La Niña, que trouxe o fantasma da estiagem para a realidade do último verão, o inverno no Rio Grande do Sul se encaminha para um período de chuvas sob a influência de uma condição de neutralidade. A Figura 1 mostra as projeções climáticas para a região do El Niño, sendo possível observar que, ao longo dos próximos trimestres, a condição de neutralidade predomina nos prognósticos, com probabilidade superior a 60% durante os meses de inverno (JJA, Figura 2).

Figura 3- Previsão probabilística da precipitação para o próximo semestre, entre maio e outubro de 2025, proveniente do multi-modelo do International Research Institute for Climate and Society da Columbia Climate School

Ainda que a condição de neutralidade seja uma realidade, as chuvas previstas para o Rio Grande do Sul para os próximos seis meses, de maio a outubro de 2025, ainda apresentam um comportamento de períodos de La Niña, com chuvas abaixo da média para a região, com probabilidade de ocorrência superior a 40% (Figura 3).

 

Figura 4- Anomalia de precipitação prevista para os meses de maio (MAI), junho (JUN) e julho (JUL). Fonte: Daniel Caetano (Milibar Meteorologia e Ciência de Dados)
Figura 5- Ocorrência de geada prevista para os meses de maio (MAI), junho (JUN) e julho (JUL). Fonte: Daniel Caetano (Milibar Meteorologia e Ciência de Dados)

Além dos modelos estatísticos, os modelos dinâmicos também indicam um comportamento com menos de 10 dias de chuva no mês de maio em grande parte do Rio Grande do Sul, número que se eleva para mais de 12 dias em julho. Já o desvio do acumulado mensal em relação à média (Figura 4) varia entre normal e levemente abaixo da média para os próximos três meses. A ocorrência de eventos de geada apresenta um aumento gradual, conforme esperado para esta época do ano (Figura 5), com previsão de mais de quatro ocorrências em grande parte do estado no mês de julho.

Ainda que não se espere uma estiagem de grande intensidade, o armazenamento de água previsto para o próximo trimestre ainda requer atenção, especialmente em relação ao início da safra no próximo verão.

Dr. Daniel Caetano Santos
Consultor e Meteorologista da UFSM

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