Junto à linha superior
Produção global cresceu, em reflexo à pandemia, mas deve buscar ajustes
A produção mundial do arroz aumentou 0,7% em 2021, segundo estima a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), alcançando 783,6 milhões de toneladas (Mt) em base casca (ou 520,3 Mt, beneficiado). Em 2020, a produção foi de 778,6 Mt (em casca). A safra asiática cresceu graças à colheita recorde na Índia, o maior exportador. A China, maior produtor e consumidor mundial, mais Tailândia e Vietnã, segundo e terceiro maiores exportadores, colheram mais.
Em contraste, nos Estados Unidos, a produção caiu 10% em 2021 como resultado da redução das áreas, substituída por culturas mais lucrativas, feito milho e soja. No Mercosul, a safra do Brasil melhorou em 4,5%, mas deve registrar queda no período que está sendo finalizado. Na África subsaariana, a produção foi novamente afetada pelas más condições climáticas, em especial na África ocidental. As informações são do economista Patrício Méndez del Villar, do Cirad, da França, em seu boletim mensal InterArroz, baseado em relatórios globais.
Embora cedo para estimativas, para 2022/23, as primeiras previsões são de área em retração de até 12% nos EUA e leve diminuição nas Américas e alguns países da Ásia. Clima e rentabilidade podem afetar as superfícies plantadas e o resultado final de colheitas.
FATOR CHINA
Por sua vez, a China busca em novas variedades transgênicas, híbridas e tolerantes a estresses (como salinidade) ocupar maiores áreas e produções de arroz. Em 10 anos, o país passou de um dos maiores exportadores globais a um dos grandes importadores. Mesmo mantendo estoques superiores a 55% do arroz disponível no mundo.
AQUECIMENTO GLOBAL
Em 2021, o comércio mundial do arroz avançou 13%, para 51,4 milhões de toneladas, frente a 45,6 Mt em 2020. É o maior aumento registrado desde 2017, segundo Patrício Méndez del Villar. “A demanda de importação aumentou 10% no sul da Ásia, em particular no Bangladesh. Importação chinesa também cresceu, bem como na África subsaariana, em especial na Nigéria, com reabertura das fronteiras em 2020, na Costa do Marfim e no Senegal”, observa.
Em 2021, a Índia bateu o recorde de exportação, com 21,4 Mt. Foram 48% sobre o seu recorde anterior, em 2020, e respondeu por 42% do comércio mundial. A Tailândia, mesmo com mais vendas no segundo semestre, seguiu na terceira posição, atrás do Vietnã, cujos embarques cresceram 5,5% em 2021. “Em 2022, as primeiras projeções indicam aumento adicional no comércio global, mas de apenas 3,8% para 53,4 Mt”, indica Villar.
ESTOQUES EM ALTA
A FAO indica que estoques mundiais de arroz ao fim de 2021 alcançaram 190,4 milhões de toneladas, com crescimento de 2,1% sobre 186,4 Mt registrados em 2020. Isso representa 37% das necessidades mundiais, volume acima da média dos últimos cinco anos.
“O aumento deve-se, em muito, às safras da Índia em 2021. Os estoques chineses caíram 0,5%, mas ainda equivalem a 70% do consumo anual do país e 55% das disponibilidades mundiais”, registra.
Enquanto isso, as existências nos principais países exportadores cresceram em 2020/21 em 5%, a 52,5 Mt. O volume equivale a 28% dos estoques mundiais. Em 2022, espera-se que aumentem em 1,2%, para 192,7 Mt.
Isso ocorrerá em função do residual de grãos remanescentes de 2021 e pelo crescimento das colheitas da Ásia. Com o desempenho do Mercosul sendo pouco acima do esperado, o avanço pode ser pouco maior.