La Niña atrasa contratações de apólices
Temendo prejuízos devido ao fenômeno La Niña, que pode reduzir a produção de grãos da safra 2007/08, cujo plantio atrasou-se pela falta de chuva nas regiões produtoras, as seguradoras estariam adotando uma política conservadora na contratação do seguro.
As contratações do seguro rural estão atrasadas para a safra de verão em decorrência do clima adverso às lavouras e da postergação do governo na liberação de medidas para aprovar a renegociação da dívida dos produtores rurais. Temendo prejuízos devido ao fenômeno La Niña, que pode reduzir a produção de grãos da safra 2007/08, cujo plantio atrasou-se pela falta de chuva nas regiões produtoras, as seguradoras estariam adotando uma política conservadora na contratação do seguro.
Até setembro já foram comprometidos R$ 17,1 milhões em subvenção para a safra – incluindo os R$ 5,5 milhões destinados às lavouras de inverno. Apesar de não revelar qual seria a meta para este período, o diretor do Departamento de Gestão de Risco Rural da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wellington Soares de Almeida, admite atraso na contratação. O governo tem disponível R$ 100 milhões para subsidiar o prêmio, valor que deve ser gasto até dezembro. O que foi liberado até agora corresponde a 8.163 mil apólices.
Os R$ 17,1 milhões subvencionados até o momento representam, segundo Almeida, uma importância segurada de cerca R$ 700 milhões da produção agrícola da safra, ou seja, menos de 10% da meta do governo. A intenção é atingir neste ano capital segurado de R$ 9 bilhões. Em todo 2006, ano que a subvenção do governo federal efetivamente “deslanchou” foram liberados R$ 31 milhões em subvenção.
O diretor comercial da Seguradora Brasileira Rural (SBR), Geraldo Mafra, confirma que as seguradoras estão cautelosas na liberação de apólices, temendo prejuízos com os sinistros, diante do clima adverso às lavouras.
– É necessário fazer uma avaliação para não assumir o risco de uma contratação sinistrada – diz.
Segundo ele, a SBR já constatou de uma a duas ocorrências de sinistro na cultura de uva por conta das chuvas de granizo no Rio Grande do Sul. Ele não quis revelar o valor das indenizações.
A medida das seguradoras – de protelar as contratações – está provocando insatisfação nos agricultores do Rio Grande do Sul e Mato Grosso, que criticam o elevado valor do prêmio – mesmo recebendo subsídios do governo de 50% do valor do seguro rural.
O presidente da Associação de Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Glauber Silveira Silva, diz que o seguro está longe da realidade da agricultura brasileira.
Para o presidente da Comissão de Crédito Rural da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Elmar Konrad, o seguro rural no Brasil ainda não saiu do papel.
– O seguro rural só existe na teoria. Na prática, não existe – diz.
Konrad criticou o desinteresse das seguradoras de reter o seguro para a soja e milho.
– A única opção de seguro que temos hoje é o Proagro para o trigo – disse.
O coordenador de seguro do ministério, Eustáquio Santana, confirma que no Rio Grande do Sul não tem oferta de seguro para a soja e arroz, além do milho.
– Não houve acordo com as resseguradoras porque o risco (climático) de lá é elevado.