La Niña está perdendo força, mas ainda persistirá neste verão
Jossana Veolin Cera
Agrometeorologista/IRGA
O resfriamento no Oceano Pacífico Equatorial iniciou em meados de maio de 2020 e, em agosto, foi registrado o primeiro mês com anomalia da Temperatura da Superfície do Mar (TSM), na região Niño3.4, com patamar de La Niña. Como a atmosfera demora um tempo a responder aos efeitos de aquecimento/resfriamento do Pacífico, os efeitos da La Niña, com a diminuição na frequência e no volume das precipitações começaram a ser observados a partir de outubro, no Rio Grande do Sul (RS).
A La Niña chegou a seu ápice no trimestre Out-Nov-Dez de 2020, com anomalia de -1,3 °C (região Niño3.4), indicando intensidade moderada. De janeiro de 2021 em diante, este evento começou a perder força. A expectativa, segundo os institutos internacionais de meteorologia, é de que a La Niña continue durante o verão (acima de 80 % de chance) e entre em fase Neutra até o final do outono, com quase 60 % de chance, no trimestre Mai-Jun-Jul de 2021 (Figura 1).
Mesmo com o enfraquecimento da La Niña, a atmosfera tem seu tempo de resposta e, com isso, a irregularidade nas precipitações no RS ainda deverá continuar. Para fevereiro de 2021, a expectativa é de que o volume total de precipitação fique abaixo da média climatológica. Já março poderá voltar a ter maior frequência e volume nas precipitações. Para esse mês, o modelo do INMET indica acumulados acima da média em áreas da Zona Sul e norte/noroeste do RS. As demais regiões deverão ficar com acumulados próximos à média climatológica. Em abril, o INMET indica que as chuvas devam voltar a ficar abaixo da média, com exceção da faixa leste do Estado (Figura 2).
De modo geral, as previsões ainda mostram que as precipitações serão com volumes inferiores aos da média climatológica. E, mesmo com a perspectiva da volta da Neutralidade climática, ainda não há previsões indicando chuvas acima da média para depois de abril. Com isso, o estado ainda é de atenção para com os reservatórios e as culturas que dependem de irrigação ou da chuva.
De qualquer forma, embora os volumes totais de precipitação estejam abaixo do ideal, o verão da safra 2020/2021 tem apresentado maior frequência nas precipitações, se comparado a da safra anterior, sendo este um fator positivo. Isto porque o Oceano Atlântico Sul, por estar mais aquecido, tem favorecido as chuvas.
Com relação às temperaturas, o modelo de previsão do INMET indica que elas ficarão abaixo da média em abril, na Metade Sul do RS. No entanto, deve-se acompanhar a previsão do tempo diariamente até lá, pois já em março poderão ocorrer incursões de massas de ar mais frio, fazendo com que as mínimas caiam bastante, trazendo algum risco para lavouras de arroz semeadas tardiamente.