Larva vermelha gera danos ao arroz irrigado

 Larva vermelha gera danos ao arroz irrigado

Figura 1. Aparecimento dos primeiros sintomas que são facilmente identificados com as plantas de arroz deitadas sobre a lâmina de água. Foto: Mara Grohs

A larva vermelha ou larva de sangue há muitas safras vem trazendo prejuízos aos produtores de arroz, principalmente aos que optam pelo sistema de cultivo pré-germinado. Porém, o que se tem observado em safras recentes é que a semeadura em linha não está mais imune a essa praga. Na safra 2022/23, que ora se encerra, houve relatos das mais diferentes regiões orizícolas do estado do Rio Grande do Sul, independentemente do sistema de cultivo.

Como regra, o aparecimento da larva é favorecido pela lâmina de água mais profunda, o que, associado a plantas jovens, causa uma condição estressante na planta. É o suficiente para a larva conseguir causar danos à lavoura. Dos primeiros sintomas, que são as plantas deitadas sobre a lâmina de água, até a infestação total da área, são menos de 24 horas (Figura 1).

Figura 2. Plantas sadias e plantas atacadas: o inseto consome o sistema radicular da planta, que perde sustentação e cessa a absorção de nutrientes. Foto: Mara Grohs

Após isso, as larvas, que se alimentam do sistema radicular da planta, conseguem causar danos de difícil recuperação até mesmo para uma estrutura vegetal com grande plasticidade, como é caso do arroz (Figura 2).

Figura 3: Mosquito que dará origem à larva vermelha e acúmulo dos vermes em plantas atacadas

Esse inseto é a larva de um mosquito, pertencente à família chironomidae, sendo sua principal característica a coloração vermelha devido à presença do pigmento de hemoglobina, uma proteína com íons de ferro na sua constituição (Figura 3). Alimentam-se das raízes das plântulas novas, o que faz com que a planta fique sem sustentação, deitando sobre a água, e se a larva não for eliminada, a planta não consegue produzir mais raízes e acaba morrendo, diminuindo, assim, o estande e prejudicando a produtividade.

Não há registro de inseticidas para o controle desse inseto, e isso torna o problema, além de um prejuízo econômico, uma questão de difícil solução ambiental.

Porém, há uma luz no fim do túnel: algumas pesquisas iniciais têm revelado que, através do tratamento de sementes baseado em bioinsumos, há uma supressão do inseto após a entrada de água ou até mesmo no sistema pré-germinado. Apesar desses indícios, há necessidade de um aprofundamento desses estudos, a fim de conhecer melhor o comportamento do inseto e suas formas de controle que sejam eficazes e alinhadas com a sustentabilidade ambiental.

Figura 4. Diferença de tolerância em distintos materiais genéticos. Foto: Mara Grohs

Também, percebe-se uma tolerância maior ou menor dos diferentes materiais genéticos, o que pode estar ligado ao vigor genético da planta (Figura 4). A questão fundamental é que não se pode mais fechar os olhos a essa problemática, que vem crescendo ano a ano, e que em algumas lavouras passa despercebida pelos produtores e técnicos, sendo muitas vezes atribuída ao acaso.

Mara Grohs
Doutora em Agronomia, na área de Manejo e Nutrição de Plantas
Coordenadora da Estação Regional de Pesquisa do Irga na Região Central/RS

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