Lavoura de arroz gaúcha ficará abaixo da intenção de plantio

 Lavoura de arroz gaúcha ficará abaixo da intenção de plantio

Evolução da área semeada e produtividade no RS

Semeadura efetivamente realizada ficará até 30 mil hectares abaixo do previsto por limitação hídrica. Isso reduz previsão de produção e mexe na expectativa de preços.

A intenção de plantio da lavoura gaúcha de arroz para a safra 2020/21, projetada em 969,2 mil hectares pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) em agosto de 2020, não irá se confirmar. Com os plantios praticamente encerrados – com raríssimas lavouras em fase final de plantio – o setor já trabalha com a expectativa de área efetivamente semeada abaixo dos 940 mil hectares, e muito próximo da temporada 2019/20.

A baixa reposição dos mananciais da Campanha, Depressão Central e Fronteira Oeste, e o risco das lavouras que utilizam pequenos cursos d´água como arroios, a “fuga” da margem da Lagoa Mirim até 600 metros dos pontos normais por causa dos fortes ventos da Costa para o mar, e pontos de salinidade na Lagoa dos Patos, exigiram cautela por parte dos rizicultores.

O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), fonte mais confiável das informações sobre o arroz no Rio Grande do Sul, suspendeu os informes sobre o avanço da área semeada no estado na véspera do Natal e só deve voltar a informar em 2021. Inicialmente, poderia parecer que os feriadões atrapalharam a rotina de serviços, mas a realidade é outra. O instituto está reavaliando os números e detalhando suas consultas aos produtores para consolidar o número final. A safra é dada como concluída, com semeadura ocorrendo em espaços inexpressivos para os valores gerais.

O último levantamento do Irga apontou cerca de 936 mil hectares semeados, 3,5% abaixo da superfície esperada e 0,5% abaixo dos 940.062 hectares colhidos em 2020. A redução de área e a previsão de um clima não tão favorável, repercutirão fortemente na estimativa de produção e na conjuntura de preços, que já era bem favorável aos produtores ao longo do ano.

PREÇOS

“Com o ano findando com cotações médias acima de R$ 94,00 por saca no Rio Grande do Sul, a safra paraguaia atrasada em comparação ao que se esperava e a nossa com ciclo alongado pelos frios e dificuldades de irrigação, aquela previsão de piso de preços em torno de R$ 70,00 feita por muitos analistas e até lideres setoriais, não deve se confirmar. O piso será mais alto, e não haverá surpresas se o pico de preços bater nas margens alcançadas em 2021”, afirma o analista de mercados e editor de Planeta Arroz, Cleiton Evandro dos Santos.

Para ele, além da limitação de área – e possivelmente de produtividade – o câmbio será determinante para o comportamento dos preços em 2021. “Hoje, dois fatores que estamos de olho é no escoamento da excelente safra dos Estados Unidos e nas colheitas do Mercosul, que juntamente com a relação cambial serão importantes para a formação da nossa balança comercial, bem como o comportamento do consumo interno com o fim do auxílio social. O déficit fiscal – e os recados do ministro da Economia, Paulo Guedes – deixam claro que o país não comporta novas rodadas de subsídios à população. Tudo tem influência no valor na boca da moega até a gôndola”, observa.

Segundo ele, o custo de produção também aumentou. "Não só pelo dólar, mas temos visto muitos produtores construindo levantes de emergência, alongando a estrutura para buscar água mais longe, motores trabalhando noite e dia. Isso tudo, mais a alta da energia e dos combustíveis, vai bater no bolso do produtor. E vale lembrar que na temporada que se encerra, pouco mais de 6%¨dos agricultores conseguiram assegurar vendas pelos melhores preços, a maioria vendeu abaixo dos R$ 60,00", acrescenta.   

Para Santos, a limitação da área plantada no Sul do país também se dá porque após o fracasso em outras temporadas, o arrozeiro aprendeu a manejar melhor a soja em terras arrozeiras. “Em algumas regiões se perdeu mais arroz por seca do que por excesso hídrico. Portanto, muitos produtores reservam a água também para banhar a soja ou para a irrigação por aspersão ou mesmo por declive. Num ano de baixa recomposição das barragens, e com os preços de mercado, é normal que o produtor busque a segurança da diversidade produtiva e da irrigação para seus cultivos, e isso influenciou na superfície semeada de arroz também”, entende.

23 ANOS

Marco Aurélio Marques Tavares, produtor e ex-diretor de Mercados da Federarroz, afirma que 34 mil hectares foram reduzidos – sobre a estimativa – na Campanha e na Fronteira Oeste. “Confirmando estes dados, a área será inferior à safra passada e a menor nos últimos 23 anos”, resume. As exceções à previsão inicial do Irga são a Zona Sul, que plantou 3 mil hectares (1,7%) acima do previsto, e a Planície Costeira Externa que semeou cerca de 200 hectares a mais (0,2%).

LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DA DIRETORIA TÉCNICA DO IRGA

ACOMPANHAMENTO DA SEMEADURA DE ARROZ SAFRA 2020/21

A Diretoria Técnica do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) informa que a semeadura da safra 2020/2021 está praticamente encerrada. Nos próximos dias, as equipes dos Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nates) levantarão junto aos produtores dados sobre a área semeada com arroz, a área cultivada com soja e as cultivares mais utilizadas, entre outras informações.

A Divisão de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater), a partir das informações colhidas pelos Nates, organizará os dados para obtenção dos números finais da semeadura dessa safra. O levantamento conclusivo deverá ser divulgado até o final de janeiro de 2021.

2 Comentários

  • Aviso aos Srs. Empresários e picaretas: – A estiagem voltou com tudo!!! Tentem explorar e vão quebrar a cara! Bem feio!

  • Situação inédita com a barragem do Arroio Duro aqui em Camaquã, já fazem muitos anos que não acontecia de o reservatório responsável pela irrigação de em torno de 20.000 ha encontrar-se nesta época do ano com menos de 50 % de sua capacidade de armazenamento.
    A evaporação continua intensa tanto na barragem como nas lavouras, tornando a situação atual extremamente preocupante com o medo dos produtores irrigados de faltar água até o enchimento de grãos nas lavouras.
    Ate por que o reservatório é o responsável pelo abastecimento de água da população Camaquense, e chegando a um nível crítico haverá o corte na irrigação das lavouras para priorizar o abastecimento populacional.
    Quando se comentava em matérias anteriores sobre o grande risco de seca com os reservatórios e barragens aqui no estado se encontrarem com baixa armazenagem de água, e a lagoa do Patos com sal nos pontos de recalque, apareceram idiotas com comentários aqui, contestando e ironizando as nossas observações relatadas aqui neste espaço.
    Comentários sérios de relatos regionais, com várias décadas de vivência na região, muitas vezes não são bem visto aqui neste forum, devido a interesses contrários a classe produtora, com a clara intenção de super dimensionar a produtividade e área de plantio para manter o produtor sob o cabresto da indústria e varejo sempre achatando o preço do casca!!!

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