Leilões de arroz são desnecessários neste momento
O arroz não tem provocada inflação no varejo, ao contrário do trigo e do feijão.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) surpreendeu o mercado ao decidir iniciar os leilões de vendas dos estoques de arroz no próximo dia 6 de agosto. Não há um único motivo para realizar leilões neste momento. Primeiro, os preços do arroz em casca e do arroz beneficiado não estão subindo. Segundo, o mercado não está desabastecido. As exportações caíram em 2013 e as importações cresceram, dando estabilidade prolongada aos preços.
Desde o início da safra atual (2012/2013), em 1º de março deste ano, até agora, os preços oscilaram muito pouco em comparação com outras temporadas. O arroz não tem provocada inflação no varejo, ao contrário do trigo e do feijão. O menor preço médio semanal verificado nesta safra foi de R$ 30,28 por saco de 50 Kg de arroz em casca, na primeira semana de abril. O maior preço foi registrado na terceira semana de julho, de R$ 34,79 por saco de 50 Kg.
Entre o mínimo e o máximo, a variação foi de 14,8%. Entretanto, desde o início da safra atual, o preço ao produtor acumula uma alta de 6,4%, saindo de R$ 32,65 por saco de 50 Kg em 1º de março para a média atual de R$ 34,75 por saco de 50 Kg. Nos últimos 60 dias, os preços quase não variaram, com mínimo de R$ 33,17 e máximo de R$ 34,79 por saco de 50 Kg.
O governo, definitivamente, parece não ter critérios para intervir nos mercados. Ora deixa preços despencarem sem agir adequadamente, como está fazendo no mercado de milho, ora intervém em um mercado estável e abastecido, como é o caso do arroz. Parece que a desorientação do atual governo não se restringe a não saber que taxa de câmbio quer, se baixa ou eleva juros, se cumpre metas de inflação ou não. No ano passado, começou a ofertar os estoques de arroz quando os preços atingiram a faixa dos R$ 40,00 por saco de 50 Kg.
Neste ano, decide liberar os estoques com preços abaixo dos R$ 35,00 por saco de 50 Kg. Fica difícil para produtores, cooperativas e indústrias planejar suas estratégias de comercialização em um ambiente tão desregrado e ao sabor de decisões intempestivas e não justificadas. Basta lembrar, que na semana passada, o Ministro da Agricultura, Antonio Andrade, provocou a ira coletiva dos cafeicultores ao afirmar em entrevista que “a queda dos preços do café era ps icológica”. O preço do café está muito abaixo do custo de produção, o governo não libera os recursos anunciados para dar sustentação ao mercado, a colheita avança e o cafeicultor está próximo de ter sérios problemas “psicológicos”.