Liberdade de escolha
Soja e milho vão ocupar mais de 50% da área de arroz em terras baixas
O sistema de produção de grãos em terras baixas no Rio Grande do Sul mudou e, para a surpresa de todos, mais rápido do que o esperado pelo setor. Isso graças ao avanço da tecnologia e por necessidade econômica, em uma retomada das pesquisas a partir de 2010. Nos últimos sete anos, refletindo os estudos e a transferência de tecnologias, a área de soja nesse ambiente cresceu 54,4%, de 270,4 mil para 417,4 mil hectares. O avanço foi de 147 mil hectares.
Agora é a vez do milho, do sorgo e, também, da pecuária, por meio das pastagens de verão, avançarem na consolidação do novo sistema produtivo para garantir a liberdade de escolha ao agricultor. Adeus arrozeiro, bem-vindo produtor de alimentos! A fotografia das lavouras de terras baixas mudou para sempre.
Nem tudo deu certo, mas as experiências frustradas ensinaram. Agora, é o milho que aproveita a bagagem que o agricultor adquiriu com a oleaginosa e entra de vez no sistema produtivo. Ao menos 40 mil hectares deverão ingressar nesse rodízio.
As pastagens também vão aumentar a participação, condenando a prática de pousio, cada vez mais, à extinção. “A grande meta do orizicultor, agora, é ser um produtor de alimentos diversos e alcançar o máximo aproveitamento do solo”, explicou Jair Buske, produtor em Agudo.
A safra 2022/23, no estado que representa mais de 70% da produção orizícola nacional, reservará área equivalente a mais de 50% daquela destinada ao arroz aos cultivos de soja, milho e sorgo em terras baixas, segundo apurou levantamento realizado pela AgroDados Inteligência em Mercados de Arroz, com exclusividade para Planeta Arroz.
INTENSIFICAÇÃO
A intensificação de cultivos nas terras de arroz, com o avanço tecnológico que permite um manejo e uma “construção do ambiente” mais favorável às culturas de sequeiro, tem dois motivos principais: o agronômico, pelos benefícios que agrega ao solo e às culturas, e o econômico, pela ampliação do leque de oportunidades comerciais e a liquidez e valorização da soja e do milho, por exemplo. O sorgo é mais destinado à alimentação animal nas propriedades produtoras.
Muitos motivos para acreditar
Motivos não faltam para que o arrozeiro migre do monocultivo para a diversificação de culturas. Os principais são econômicos e agronômicos. Entre os econômicos estão escapar do alto custo de produção e da baixa rentabilidade do arroz, apostando na liquidez e margens da soja, do milho, da pecuária e outros.
Podem ser incluídos também melhorar a gestão e o fluxo de caixa; ampliar o portfólio de produtos e tornar mais eficiente a operação comercial; diluir custos e melhor administras os recursos.
Entre os agronômicos pode-se citar a melhoria das características químicas e físicas do solo, da estrutura de lavouras, rotação de defensivos e quebra de ciclos de pragas, invasoras e doenças, maior eficiência no aproveitamento da terra e ganhos produtivos à rizicultura por causa da rotação de culturas.