Mãos cheias

Produção do Brasil segue crescendo na área irrigada e em queda nas terras altas.

A safra brasileira de arroz 2010/2011 consolidará uma tendência que vem sendo cada vez mais frequente na última década: o aumento produtivo das lavouras irrigadas do sul do Brasil – de clima temperado – e a decadência das zonas de cultivo de terras altas ou de sequeiro, sob clima tropical. A lavoura irrigada já corresponde a três quartos da safra brasileira. Essa variável vem acontecendo há pelo menos 20 anos no Brasil, mas tornou-se mais clara na última década, com o salto em produtividade do arroz irrigado do Rio Grande do Sul e redução das safras do Mato Grosso, uma referência dos anos 90 à produção em terras altas. 

Segundo o levantamento divulgado no dia 9 de fevereiro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área cultivada com arroz na safra 2010/2011 é de 2.832.900 hectares, 2,5% maior do que aquela semeada na campanha anterior, de 2.764.800 hectares. O maior aumento na área irrigada ocorreu no Rio Grande do Sul (6,4%). Na área de sequeiro os maiores aumentos ocorreram na Paraíba (83,3%) e São Paulo (23,5%), estados com pouca expressão na produção nacional. Quem mais diminuiu a área de cultivo com arroz de sequeiro foram Pernambuco (20,8%), Minas Gerais (15,4%), Goiás (14,7%) e Mato Grosso (9,5%).

PRODUÇÃO 

A produção nacional do grão deve alcançar 12.831.400 toneladas, um volume 10% maior que a safra 2009/2010 (11.660.900 toneladas). Assim, o mercado contará com mais 1.170.500 toneladas de arroz do que na campanha anterior. É a maior produção nacional desde a safra 2005/2006. A produtividade média nacional esperada para esta safra é de 4.529 quilos/hectare, 7,4% maior do que os números alcançados na safra 2010/2011 (4.218 quilos/hectare). 

O aumento é devido ao clima favorável e ao uso de alta tecnologia nas lavouras irrigadas. A maior produtividade média do Brasil é a do Rio Grande do Sul, com 7.150 quilos de grão por hectare, seguido de Santa Catarina, com 7.035 quilos/hectare, e do Mato Grosso do Sul, onde também predomina o cultivo irrigado, com 5.761 quilos/hectare. 

QUESTÃO BÁSICA

O quadro de suprimento da Conab prevê um estoque de passagem de 1,64 milhão de toneladas de arroz. O volume é considerado baixo (é o terceiro maior em três anos), mas a credibilidade dos números está afetada por pelo menos três motivos: o mercado tem oferta de arroz e preços baixos há 90 dias, a expectativa da importação de 800 mil toneladas – quando os volumes efetiva e oficialmente anunciados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio já superam este volume – e o consumo que há muito tempo, segundo analistas de mercado e dirigentes da própria cadeia produtiva, é considerado superestimado pela Conab.

FIQUE DE OLHO

O clima, sob efeito do fenômeno La Niña, tem sido bastante favorável à cultura do arroz no Brasil, com ênfase na lavoura irrigada, em razão da luminosidade. As boas chuvas ocorridas no inverno, principalmente no sul do Brasil, recuperaram plenamente os níveis dos mananciais, assegurando excelentes condições de irrigação para a lavoura. 

A estiagem que ocorre na campanha e zona sul do Rio Grande do Sul atingiu uma área correspondente a 3% da área cultivada com arroz no estado, com perdas pontuais. Nas regiões produtoras do arroz de sequeiro o clima também é favorável. O ligeiro atraso da chegada das chuvas no Centro-oeste atrasou levemente a semeadura e por consequência a safra. 

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