Mar calmo não faz bom marinheiro

Com percalços por causa do clima e necessidade de ajustes na matéria-prima
comprada fora, Santa Catarina mantém a estabilidade na
produção rizícola
.

Consolidado como segundo principal estado produtor de arroz do Brasil, com perto de 8% da safra total, Santa Catarina deve manter a estabilidade de oferta do cereal na temporada 2015/16, mas não sem percalços. Os catarinenses alcançaram mais de 80% da área cultivada até o início de novembro, mas com perdas geradas pelas chuvas, enchentes e precipitações de granizo.

O Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri/Cepa) indica que parte das áreas atingidas será replantada. Também registra perdas de solo e nutrientes levados pelas enxurradas. A baixa luminosidade também interfere no desenvolvimento das lavouras e favorece o surgimento de doenças.

O sistema de cultivo das lavouras, que já foi 100% pré-germinado, já alcança cerca de 35% da área em cultivo mínimo, o que reduz a velocidade de plantio. O pré-germinado tem menor dependência das condições climáticas para ser semeado.

Um relatório preliminar do centro identifica perdas principalmente no Alto Vale do Itajaí, com destaque para Rio do Sul e Ituporanga. Até o início de novembro, a estatística era de que 32% da área plantada na região foi atingida pelos temporais, sendo que isso reflete na perda efetiva de 16% na região do Alto Vale. O aumento do custo de produção por replantio – e dificuldades de encontrar os insumos, principalmente sementes de boa qualidade – também afeta o Sul Catarinense nas regiões de Araranguá, Criciúma e Tubarão.

COMPRAS
Santa Catarina produz anualmente entre 1 milhão e 1,1 milhão de toneladas, mas seu parque industrial processa mais de 1,5 milhão. Cerca de 500 mil toneladas são adquiridas no Rio Grande do Sul. A preocupação do Sindicato da Indústria do Arroz de Santa Catarina (Sindarroz-SC) é a qualidade dos grãos adquiridos. Como a demanda por matéria-prima é maior do que a oferta, muitas indústrias acabam pagando caro por arroz com percentual de umidade maior do que o desejado e fazem “vista grossa” para defeitos ou presença de impurezas. Isso tem afetado o custo, ao mesmo tempo em que “quebra” o padrão de qualidade do produto catarinense. Por isso, um acordo entre as indústrias pode começar a valer na próxima safra padronizando o tipo de grão que será adquirido, seja premiando pela qualidade ou descontando defeitos e excesso de umidade. A meta é recuperar o referencial qualitativo das marcas locais e reduzir custos de secagem e seleção.

DA QUEDA AO AUMENTO
Segundo a Conab, nas regiões do Vale do Rio Itajaí e Litoral Norte a semeadura começou no final de junho, enquanto que na região Sul o plantio iniciou a partir de setembro. Os produtores estão otimistas quanto aos preços na safra. A área plantada ficará entre 147,6 mil e 150 mil hectares, ou seja, variando entre uma redução de 0,2% e aumento de 1,4%. A produtividade média deve alcançar 7.400 quilos por hectare, o que elevará a produção total, que deve ficar entre 1,09 mil e 1,11 mil toneladas.

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