Marcha lenta na subida

 Marcha lenta na subida

Barata: segundo semestre melhor

Prorrogações, crédito, exportações e fim dos estoques das indústrias
devem estruturar a recuperação de preços
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Nem o mais pessimista integrante da cadeia produtiva do arroz esperava, até meados de fevereiro de 2015, que o setor enfrentasse uma crise de preços como vista ao longo do ano. As cotações caíram de R$ 37,50 para menos de R$ 33,00 até o início de junho no Rio Grande do Sul e bateram em R$ 28,00 em Santa Catarina.

A pergunta é: Como se comportarão os preços a partir de agora? É impossível dizer com precisão. Os analistas foram pegos no contrapé apesar dos sinais de aumento de energia e combustíveis, das crises econômica e política e da própria valorização do dólar no final de 2014.

Ninguém contava, porém, que o governo não liberaria recursos para a comercialização e que o produtor teria que ofertar grandes volumes de arroz para pagar seus fornecedores. A pressão de oferta achatou os preços a ponto de em julho de 2015 as cotações do arroz gaúcho estarem em torno de R$ 33,35 por saca, 7% abaixo do mesmo período no ano passado.

Mas os analistas acreditam que o segundo semestre apresentará boa recuperação nas cotações, embora descartem os R$ 40,00 projetados no início do ano. Para isso, além das medidas do governo – prorrogação de dívidas, liberação de recursos para a comercialização e custeio, adiamento dos vencimentos para o final do ano – é preciso maior impulso nas exportações e o final dos estoques formados pelas indústrias na safra.

O problema é que apenas uma pequena parte dos produtores será beneficiada. A maioria vendeu o cereal na colheita a preços baixos.
O diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Tiago Sarmento Barata, crê na recuperação.

“A safra começou com o menor estoque da história, que anula uma intervenção baixista do governo, a safra plantada fora da época indicava produtividade menor e oferta restrita e o dólar valorizava, indicando vantagem para exportar. Mas no final das contas colhemos a segunda maior safra da história, com custos altíssimos, e o dólar valorizou sobre todas as demais moedas”, afirma.

Apesar da conjuntura econômica, da situação cambial e da safra maior, Barata acredita que o que realmente deflagrou a crise no setor foi a falta de crédito. “Ao não liberar recursos de pré-custeio e comercialização o governo forçou o produtor a liquidar a colheita.

A oferta derrubou os preços, a indústria antecipou o abastecimento e, sem poder de barganha, o rizicultor enfrentou o descompasso entre custo de produção e preços de venda, oferta e demanda. O endividamento inviabilizou-o de pagar o custeio no prazo”, afirma.

Para Barata, a tendência é de que a partir do final de agosto, início de setembro, quando começa o segundo semestre do ano comercial, haja recuperação gradual. O diretor do Irga também espera que – apesar de uma concorrência mais forte dos Estados Unidos – as exportações avancem. “É um ano difícil para os exportadores, mas o Brasil manteve boas posições até julho. Há avanços em acordos comerciais que podem impulsionar as vendas, o que é relevante nesta situação”, revela.


FIQUE DE OLHO

O analista Mahal Terra, da Safras & Mercado, considera que o suporte do governo federal neste momento é vital para a recuperação das cotações. “Em épocas de crise, é sabido que o arroz tem um desempenho de consumo importante, pois é um dos itens mais acessíveis da cesta básica e fundamental no prato do brasileiro”, frisa. Para ele, as cotações dependerão do nível de intervenção do governo em socorro aos arrozeiros, do volume exportado e da relação da balança comercial do arroz, do consumo interno e, por fim, das projeções para a próxima safra.

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