Mariana gaúcha
Há sempre uma Mariana por surgir!
Ocorrida a tragédia, legislativo trabalha forte, fiscalizações são orientadas, agendas políticas frequentes e, muita mídia. Barragem do Capané, uma das maiores do RS com capacidade de irrigar 5000 hectares de arroz.
Infelizmente, em situação de insegurança, terá nível diminuído à metade. IRGA, Instituto Rio-grandense do Arroz, com taxa de arrecadação própria, é administrador da barragem. Segue mesmo caminho do infortúnio e está por ser esvaziado, com servidores recebendo salário abaixo da categoria, pesquisa em comprometedora escassez de recursos e engessamento administrativo.
A tragédia de Minas Gerais parece incapaz de promover atitudes da administração pública. No caso de Capané, optou-se pela redução do nível à definitiva construção do vertedouro, impedindo famílias de plantar seu sustento, pois não haverá água para irrigação.
O IRGA tende a ser extinto, pois igualmente não há motivação política para mudanças necessárias. A autarquia possui arrecadação própria e específica, mas recursos seguem para o Caixa Único do Estado, acarretando bitributação ao produtor de arroz gaúcho. Mas o grande drama será quando empresas privadas começarem a cobrar royalties pela semente de arroz.
O desastre anunciado de Capané e IRGA talvez não seja tão impactante quanto ao vivido por aqueles mineiros e ao meio ambiente da região de Mariana, mas não menos oneroso. Capané está sem vertedouro há décadas. Em 2019, o governo Eduardo Leite foi apontado pelo TCE por desvio de recursos do IRGA. Taxa de autarquia não deve ser destinada à outro fim senão pelo que foi criada e, ao que parece, governador está incorrendo em improbidade administrativa.
Tragédias sempre são anunciadas!
IRGA está sem presidente há meses. Família Covatti, Partido do PP ( 2 mandatos na referida Secretaria ), sequer dignou-se em buscar mudanças. Covatti Filho transmitiu cargo à própria mãe para que a Secretaria da Agricultura permaneça gabinete do jovem político.
As últimas privatizações de estatais, que aumentaram arrecadação, poderiam ter ocorrido ainda na gestão anterior, assim como o vertedouro da barragem Capané e a reestruturação do IRGA. Entretanto, o “tempo” do político não segue o ponteiro dos contribuintes/eleitores. Assim, seguimos com jovens e educados administradores políticos, mas com a velha e arcaica política no comando.