Mato Grosso: atividade no setor do arroz encolhe 51% no Estado
De acordo com o Sindicato das Indústrias do Arroz (Sindarroz), boa parte das indústrias já está parada porque não está conseguindo comprar o produto.
A queda na produção e o aumento das importações de arroz este ano estão deixando a indústria de beneficiamento do Estado em xeque. De acordo com o Sindicato das Indústrias do Arroz (Sindarroz), boa parte das indústrias já está parada porque não está conseguindo comprar o produto.
– Como este ano a produção foi menor, o produtor está retendo o arroz nos armazéns e vendendo o produto por um preço que a indústria não tem condições de pagar. Estamos concorrendo hoje com arroz de outras regiões do país Rio Grande do Sul e Paraná são os mais fortes concorrentes e até mesmo de outros países, como é o caso da Indonésia e Tailândia – diz o presidente do Sindarroz, Joel Gonçalves.
Ele informou que a indústria local não está conseguindo repassar os preços para o mercado varejista, pois o arroz do Sul está mais barato.
– A localização de Mato Grosso nos deixa em desvantagem em relação a outras regiões, já que não podemos levar a nossa produção para os grandes centros consumidores. Enquanto para chegarmos até lá usamos caminhões, eles usam navio. O frete acaba inviabilizando o acesso a outros mercados e tirando a competitividade dos nossos produtos.
Gonçalves conta que a situação das indústrias piorou nos últimos dois anos, a atividade encolheu 51%.
– Para se ter uma idéia, em 2005 tínhamos 72 indústrias cadastradas ao Proarroz. Em 2006 este número caiu para 49 e hoje apenas 35 estão trabalhando. Mesmo assim, a maioria opera com ociosidade de até 60% no funcionamento de suas máquinas – relata.
A desestabilização da indústria arrozeira também vem gerando desemprego no setor. Dos 2,8 mil empregos gerados há dois anos, hoje apenas 1,4 mil foram mantidos.
MERCADO – Segundo o empresário Marco Lorga, as indústrias locais não estão conseguindo mercado para a colocação de seus produtos.
– Simplesmente não conseguimos concorrer com o arroz do Sul porque os preços internos estão elevados (cerca de R$ 29/saca).
Segundo ele, o produtor tinha expectativa de bons preços nesta safra.
– A indústria vinha praticando uma política de remuneração para o produtor. Com a queda da produção, a entrada de arroz de outras regiões e a desvalorização do dólar, a indústria não está conseguindo comprar o produto no mercado interno. O pior é que não existe uma sinalização de melhora e até mesmo propaganda de arroz de outras regiões já temos em Cuiabá.
Lorga também concorda que o principal problema de Mato Grosso é a logística de transporte.
– Hoje, é praticamente impossível colocarmos os nossos produtos em outros mercados – alega.
Ele informou que a produção este ano caiu para 750 mil toneladas.
– Já ocupamos a posição de segundo maior produtor. Hoje, perdemos essa colocação para Santa Catarina e estamos em terceiro – conta o empresário, lembrando que na safra 04/05 Mato Grosso chegou a produzir 2 milhões de toneladas.
O maior produtor é o Rio Grande do Sul.
Para Lorga, só há uma forma de retomar a produção e fortalecer o parque de beneficiamento do Estado: melhorando a qualidade do arroz e colocando o produto como alternativa de rotatividade com a soja.
– Se fizermos isso e melhorarmos a nossa logística de transporte, poderemos superar a crise – disse ele.