MATO GROSSO reduz produtividade

 MATO GROSSO reduz produtividade

Lavoura de sequeiro: a que mais reduziu área no Brasil

Clima e falta de variedade produtiva prejudicaram safra.

Como se não bastasse ter perdido o posto de segundo maior produtor de arroz do Brasil, o estado do Mato Grosso ainda tem outro motivo para lamentar na safra 2005/ 2006. A produtividade média das lavouras teve uma queda de aproximadamente 7% em relação aos 2.782 quilos por hectare calculados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no início da colheita. A redução foi motivada por dois fatores: uma estiagem não esperada, que trouxe mais efeitos negativos em áreas isoladas, e principalmente a utilização da variedade Primavera, que tem um grão de melhor qualidade, mas é menos rústica que a Cirad, variedade que predominava na região.

“Ao contrário da Cirad, essa cultivar acama com mais facilidade, inclusive por causa de chuvas nem tão intensas; e é mais suscetível às oscilações climáticas”, compara o presidente da Associação dos Produtores de Arroz (APA), Ângelo Carlos Maronezzi. Explica que tais características levam a Primavera a proporcionar um menor rendimento.

Por isso, analisado todo o contexto, apesar de muito baixa em relação às médias históricas, a produtividade de 2,6 mil quilos por hectare é considerada normal.

MERCADO – O lado positivo dessa redução da produtividade nas lavouras do Mato Grosso é a esperança de preços melhores para o arroz, cotado ao preço médio de R$ 18,00 o saco de 60 quilos na primeira semana de maio. O valor, no entanto, não deverá ser tão expressivo quanto gostariam os produtores, pois ainda há um grande volume estocado da safra passada. Mesmo assim, o corretor Jorge Fagundes, da Futura Cereais, de Cuiabá (MT), está confiante numa recuperação do mercado, que anime os orizicultores a continuarem plantando. Caso contrário, ele prevê que na próxima safra o Mato Grosso não colherá mais do que 500 mil toneladas. As indústrias, então, dependeriam do Sul.

FIQUE DE OLHO 
O presidente da APA, Ângelo Maronezzi, considera muito cedo para fazer uma previsão de números para a próxima safra. Ele acredita, no entanto, que a área plantada com arroz não deverá sofrer uma redução ainda maior, pois o produto é importante para o sistema de rotação de culturas adotado no Mato Grosso. Jorge Fagundes, da Futura Cereais, concorda sobre a retomada do uso mais expressivo da variedade Cirad. Os dois discordam, porém, do motivo: para Fagundes será por causa do baixo preço; Maronezzi, devido à procura pela indústria. “Além do que, o mercado está cotando o cereal das duas cultivares no mesmo valor”, acrescenta o presidente da associação dos produtores.

 

NÚMEROS

A produtividade do arroz caiu de 2.782 quilos/hectare no levantamento de março da Conab para aproximadamente 2.600 quilos/hectare na última semana de abril, quando a colheita se aproximava dos 100% e os números finais ainda não haviam sido contabilizados. Registrou-se, também, retração na área plantada de 60%, passando de 776,9 mil hectares na safra passada para 310,8 mil hectares. Assim, a produção é inferior à da última safra (2.043.200 toneladas), em torno de 60%, ficando em menos de 810 mil toneladas.

SAFRINHA

A estiagem fez com que alguns agricultores chegassem a colher apenas 15 sacos por hectare, por conta das altas temperaturas e ausência de chuvas que prejudicaram o desenvolvimento do cereal. Para compensar, lavoureiros de várias regiões do Mato Grosso resolveram arriscar no plantio de uma safrinha de arroz, com a utilização de variedades de ciclo mais curto. “Só que a área total foi muito pequena, somando perto de 200 hectares, e os benefícios, se houve, individualizados”, avalia Jorge Fagundes, da Futura Cereais.

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