Menor, mas não muito
Rio Grande do Sul reduz produção, mas colhe uma de suas maiores safras.
O Rio Grande do Sul, estado responsável por quase 65% da produção brasileira de arroz, reduziu a área e o volume colhido na safra 2011/12. Isso aconteceu por causa dos prejuí-zos acumulados pelos agricultores em razão dos baixos preços praticados na comercialização da safra 2010/11. A estiagem e a oscilação de temperaturas e os picos de frio em época de floração de algumas lavouras também contribuíram para este cenário. Mesmo assim, nesta temporada, o estado colheu uma das cinco maiores safras de arroz de toda a sua história.
A Conab indica uma produção total de 7.476,3 mil toneladas no RS, com 16% de queda sobre as 8.904,2 mil colhidas na safra 2010/11. As lavouras gaúchas totalizaram área de 1,053 milhão de hectares, com queda de 10,1%, para 1,172 milhão do ciclo anterior. A produtividade média é estimada em 7.100 quilos por hectare, ou 6,6% menos grãos por área do que na temporada passada, quando alcançou o recorde de 7,6 mil quilos por hectare. Os dados são do 7º Levantamento da Safra de Grãos, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em abril.
O presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz, Cláudio Brayer Pereira, diz que o volume colhido pelo Rio Grande do Sul e o restante do Brasil, que totaliza 11,66 milhões de toneladas, mais o suporte dos estoques públicos e privados, que superam 1,5 milhão de toneladas, é suficiente para suprir a demanda interna. “E haverá importações, que são inevitáveis, mas neutralizadas pela força das exportações brasileiras, que alcançam um patamar significativo”, acrescenta.
Assim, o quadro de oferta e demanda será ajustado até fevereiro de 2013, o que deverá manter preços estáveis, com médias superiores a 2011. “Isso nos permite projetar uma safra com rentabilidade ao orizicultor, capaz de cobrir parcial ou totalmente o déficit do ano passado para muitos produtores”, entende Pereira. Cláudio Brayer Pereira também lembra que, apesar da safra gaúcha ser menor do que no ano passado, ainda é uma das três maiores da história no estado. “Isso é resultado das tecnologias que o Irga vem desenvolvendo e levando até o produtor, que proporcionaram um salto em produtividade e em qualidade de grão”, avisa.
VOLUMES
O presidente do Irga lembra que em outras safras com volume de produção igual ou menor no Rio Grande do Sul os preços caíram na colheita. “Hoje não caem por fatores como o potencial de exportação, o apoio à comercialização e a queda produtiva de outras regiões”, argumenta. Pereira destaca que a safra gaúcha teve perdas originadas pela estiagem na época de plantio e no decorrer do desenvolvimento da cultura, o que também reduziu a área plantada. “Além disso, tivemos problemas com a amplitude térmica, com forte oscilação de temperaturas extremas num mesmo dia, o que quebrou grãos em algumas regiões, e frio em momentos críticos da cultura”, lembra. O nível tecnológico da lavoura gaúcha é um dos melhores do mundo, superando países produtores tradicionais da Ásia em qualidade de grão e produtividade e igualando-se aos Estados Unidos em termos de rendimento por área.
FIQUE DE OLHO
A produção de soja em várzea, para o presidente do Irga, Cláudio Brayer Pereira, veio para ficar. “Os preços são excelentes, agora há tecnologia para o cultivo de forma competitiva, estímulo ao produtor, serve como estratégia importante para que ele tenha uma alternativa de renda e segure a comercialização de arroz na safra e, ainda, é uma das práticas preferenciais para aumentar a produtividade e limpar as lavouras de inços como o arroz vermelho resistente a herbicidas, usado em rotação com o arroz”, destaca Pereira.