Mercado de arroz inicia maio apresentando fraqueza

Na temporada anterior, ao contrário da atual, o mercado tinha suporte nas cotações internacionais, que atingiam os maiores patamares da história, encarecendo as importações e abrindo as portas para vendas de arroz brasileiro.

O mercado brasileiro de arroz encerrou a primeira semana do mês de maio com preços em queda. A média de cotações no Rio Grande do Sul para o arroz em casca ficou em R$ 27,09 por saca de 50 quilos. Comparada ao mesmo período de abril, a queda é de 2,5%. Em relação ao início de maio de 2008, o recuo corresponde a 22%.

Na temporada anterior, ao contrário da atual, o mercado tinha suporte nas cotações internacionais, que atingiam os maiores patamares da história, encarecendo as importações brasileiras e abrindo as portas do mercado internacional para vendas de arroz brasileiro. Por isso, a saca do cereal que havia iniciado o ano comercial 2008/09 a R$ 22,00, alcançou R$ 35,00 no início de maio.

– Neste ano, os números de abastecimento interno são mais apertados que na temporada anterior, com uma necessidade de adquirir mais de 1 milhão de toneladas no exterior – lembra o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento.

Porém, o mercado está em um momento de entrada de safra, no Brasil e nos principais fornecedores externos.

O comportamento sazonal dos preços entre 1993 e 2007 mostra que este recuo na entrada de safra é normal. Historicamente, a queda ocorrida de fevereiro para março é de 8% e, de março para abril, de apenas 1,7%. Na atual temporada, de fevereiro para março o recuo foi mais modesto (5,15%) e, de março para abril, mais acentuado (4,75%).

– A explicação para este comportamento diferenciado é que a safra atual apresentou um maior volume de colheita em abril em relação à média normal. Por isso, espera-se que neste mês de maio os preços encerrem o viés de baixa iniciada em novembro de 2008 e que ganhou força em fevereiro de 2009 – explica.

Por outro lado, neste ano, os preços internacionais estão mais comportados. Em maio de 2008, o arroz branco 100% da Tailândia era cotado a US$ 962.50 por tonelada (FOB Bangkok). No mês atual, está em US$ 571.00 por tonelada, o que corresponde a uma queda de 41%. Segundo Bento, o repasse destas cotações internacionais não foi integral no mercado brasileiro, grande parte em função da desvalorização da moeda nacional ocorrida após a crise financeira.

Porém, é preciso ficar atento ao comportamento cambial. No primeiro trimestre do ano, a média mensal ficou acima de R$ 2,30 por dólar. Em abril, caiu para R$ 2,20 e, neste mês de maio, aproxima-se de R$ 2,10.

– A valorização do real barateia as importações e reduz a competitividade do cereal brasileiro no exterior – lembra.

Para o analista, o quadro de oferta e demanda nacional sinaliza claramente uma tendência de preços superior a R$ 30,00 por saca. E, dentro do quadro atual das principais variáveis formadoras de preços – cotações internacionais, câmbio e expectativa de manutenção de estoques reduzidos – não há porque pensar de maneira diferente.

– A alta dependência de importações é mais um fator que corrobora para esta perspectiva de preços em alta na entressafra. Porém, mais que o reflexo quantitativo, o que conta para a formação de preços no mercado interno é a cotação que este produto chega ao Brasil – frisa.

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