Mercado oscilou e o produtor saiu ganhando
O mercado do arroz durante o ano de 2003 apresentou acentuada volatilidade nos preços, que para o produto em casca oscilou entre R$ 25,00 na safra e acima de R$ 40,00 na entressafra. Essas oscilações proporcionaram boa rentabilidade ao produtor. A conjugação de vários fatores contribuiu para um cenário favorável na comercialização:
– A quebra na produção nacional (cerca de 800 mil toneladas), de uma safra inicialmente estimada pela Conab em 11,2 milhões de toneladas, devido ao clima desfavorável no Rio Grande do Sul, cuja produção corresponde à metade do Brasil. O clima também interferiu na redução dos volumes produzidos no Uruguai e na Argentina.
– A organização dos produtores gaúchos, que em conjunto com a cadeia produtiva e mesmo sem recursos governamentais para a comercialização surpreendeu o mercado. Essa medida manteve os preços nos patamares estabelecidos pelo setor, R$ 25,00 o saco de 50 quilos em casca em plena safra, cobrindo os custos de produção e agregando rentabilidade.
– A forte dependência do mercado internacional, com necessidade de importações de terceiros mercados expressivas, acima de 500 mil toneladas, principalmente dos EUA. Este movimento praticamente indexou o preço interno ao mercado internacional, que apresenta déficit entre produção e o consumo, com reduções substanciais nos estoques finais anuais e preços em alta.
– A redução da TEC pelo Governo Federal, em agosto, a 4% para internação de 100 mil toneladas de beneficiado (base casca) e 400 mil toneladas de arroz em casca até 31 de dezembro, esfriou o mercado até meados de outubro, com o aumento da oferta dos produtores. Mas o pequeno volume de importações, a partir da nova TEC (232.358 toneladas até novembro), e o atraso na entrega de arroz importado no centro do país acabaram gerando grande descompasso entre oferta e a demanda e, consequentemente, alta nos preços do casca, pela escassez do produto e a redução da oferta do produtor.
Sendo assim, a expectativa para o final da entressafra é ainda de preços firmes. E mesmo com as projeções de uma safra brasileira histórica, as previsões alcançam 11,8 milhões de toneladas no Brasil e dois milhões de toneladas no Mercosul, o setor já está buscando mecanismos de sustentação de preços na comercialização da próxima safra. Os arrozeiros gaúchos já conseguiram do Governo Federal a garantia da manutenção de bons níveis de rentabilidade, o retorno da TEC aos patamares normais a partir de janeiro de 2004 e, possivelmente, contratos de opção de venda privados entre a indústria e o produtor, com garantia de preço no vencimento. Ainda existe boa possibilidade de serem direcionados recursos em EGF e CPR, além da possibilidade de exportações alavancar novos mercados. Todos esses fatores permitem projetar mais um ano favorável para o setor em 2004, que é o Ano Internacional do Arroz.