Mercosul é madrasta dos produtores de arroz do Brasil, diz Schardong no Senado
No encontro, o representante da CNA afirmou que a produção nacional de arroz é afetada pelo livre comércio entre os países do Mercosul e chamou o bloco comercial de madrasta dos produtores de arroz do Brasil.
A cadeia produtiva do arroz está doente e os principais sintomas da enfermidade são o Mercosul e a alta tributação. O diagnóstico foi feito pelo presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Arroz e representante da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Francisco Lineu Schardong, no debate que discutiu os problemas de comercialização do arroz e do trigo no Brasil, nesta sexta-feira (03), na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado Federal, em Brasília. No encontro, o representante da CNA afirmou que a produção nacional de arroz é afetada pelo livre comércio entre os países do Mercosul e chamou o bloco comercial de “madrasta” dos produtores de arroz do Brasil.
De acordo com Schardong, não é só o arroz que sofre com a concorrência desigual da Argentina, Uruguai e Paraguai. Produtos da região sul do País, como trigo, vinho e leite, estariam sendo usados como moeda de troca do Governo brasileiro para favorecer a exportação dos produtos nacionais industrializados. A balança comercial desses produtos com os países do Mercosul é superavitária em quase 45%. “Isso nos leva a crer que o arroz, o trigo, o leite e o vinho são os que mantêm esse comércio de livre exportação do Mercosul”, afirmou Schardong.
O levantamento do representante da CNA demonstrou que o custo de produção de arroz no Rio Grande do Sul é de US$ 2,2 mil por hectare. No Uruguai, a mesma área plantada, com os mesmo insumos, custa em torno de US$ 1,450 mil. O Paraguai consegue produzir a um custo 19% menor e a Argentina, 27% mais barato. A diferença, explicou, está na tributação dos insumos que os produtores brasileiros são obrigados a usar na lavoura. Tratores e máquinas agrícolas, por exemplo, produzidos no Brasil e exportados para os países do Mercosul, custam mais caro no mercado interno porque sofrem incidência de impostos. Outros produtos, como adubo e agrotóxico, também ajudam a empurrar para cima os custos de produção no Brasil por causa da alta carga tributária: 24,88%.
Por esses e outros fatores, o arroz dos países vizinhos chega ao mercado interno a um preço mais acessível. Sem outra saída, o produtor brasileiro acaba tendo tem que exportar o arroz para outras regiões do planeta, mas, ainda assim, encontra a concorrência do arroz produzido pelos Estados Unidos, Tailândia e Vietnã a um custo bem mais baixo. Segundo Schardong, para os rizicultores brasileiros terem chance de competir num mercado mundial que, a exceção da Ásia, consome 21 milhões de toneladas, o produtor nacional precisa reduzir em até 32% seus custos de produção. “A meta é atingir o preço de US$ 1,5 mil por hectare de arroz”, explicou o representante da CNA.
O último boletim “Custos e Preços” da CNA apontou o excedente de oferta no mercado interno e as importações de países do Mercosul como responsáveis pela queda de 33,8% nos preços do arroz na região Sul do País, em maio deste ano, em comparação ao mesmo período de 2010. Atingidos por esse quadro de dificuldades, os produtores de arroz do Rio Grande do Sul protestaram em Uruguaiana, fechando a ponte que liga o Brasil à Argentina e exigindo a suspensão das importações do produto do país vizinho. A CNA pediu aos ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e das Relações Exteriores o fim da licença automática de importação de arroz do Mercosul, a exemplo do que já foi obtido para o leite.
Além do representante da CNA, participaram do debate o Diretor da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Maria dos Anjos, o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Elton Weber, e o Gerente Técnico e Econômico do Sistema Cooperativista do Paraná (Ocepar), Flávio Enir Turra, sob a presidência da senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS).
6 Comentários
Mas e agora alguém acha que as indústrias de manufaturados e têxteis de São Paulo, Minas e Nordeste que são as que mais se beneficiam vão deixar que este quadro se modifique? Será que vão deixar que o governo contrarie alguma clúasula do tão celebrado Mercosul? Já devem estar com o lobby prontinho!!! Fazem 20 anos que o Mercosul é o nosso Câncer, um câncer que mata a míngua, vai definhando, destruindo tudo, porque o produtor é teimoso, é insistente e quer continuar a viver e produzindo nesse país. o FATO É QUE PRECISAMOS PRODUZIR ARROZ PORQUE TEMOS DÍVIDAS PARA PAGAR!!! O setor industrial é e sempre foi organizado, com grande representação política no Congresso. E nós? Será que temos cacife para bater de frente com o poderio econômico deles? Finalmente eis a questão que passará a ser tratada com maior seriedade daqui para a frente. Temos visto que a soluções para o futuro do arroz não serão apenas uma ou duas, mas um conjunto de medidas econômicas e políticas que deverão ser tomadas nos próximos três meses, sob pena de não se conseguir interromper a INSOLVÊNCIA TOTAL DE MUITOS ARROZEIROS!!!
O bom é que a CNA descobriu agora que o arroz tem problema, e que o mercosul é a causa maior. Álias, não o mercosul, mas a falta de acesso aos insumos pelo mesmo custo. Temos que pressionar para sair alguma medida de prorrogação maior, tipo pesa. Senão é apenas prolongar sofrimento. Quanto aos produtores, tentem não pagar muito ágio no contrato de oções. Senão, se vai uma baita ferramenta.
Quero expressar minha indignação com relação à eficiência dos contratos de opção ofertados pelo governo em junho, vou explicar: sou produtor no município de São Sepé, cada contrato de 27t ou 540 sacos, com vencimento para 30/11/11, dá o direito do produtor vender o saco a um valor de R$ 29,00/sc, podendo ser antecipado para setembro com um valor de R$ 27,50. No entanto, são muito poucos os armazéns com espaços para colocar o arroz, sendo que os armazéns que tem espaço agora não garantem que vão ter espaço em 30/11/11 ou em setembro, assim para garantir o espaço o produtor deve colocar o arroz agora nos armazéns. Fazendo os cálculos: CUSTOS: frete São Sepé-Júlio de Castilhos R$ 2,00/sc, Corretagem+ágio= R$ 2,3, armazenagem CESA JÚLIO DE CASTIHOS (R$ 13,44/15dias/t ou seja R$ 0,67/sc/15 dias ou R$ 1,35/sc/mês) meses de junho, julho, agosto, setembro, outubro (5 meses de armazenagem) custo de R$ 6,75/sc, TOTAL = R$ 11,05. PREÇO RECEBIDO PELO ARROZ NO CONTRATO (R$ 29,00) CUSTO PARA REALIZAR O CONTRATO (R$ 11,05) = R$ 17,95. Isto mesmo, se eu optar por comprar o contrato de opção vou vender o arroz mais barato que agora, sem colocar no custo dos juros dos financiamentos para segurar o arroz até novembro!! Resumindo, estes contratos de opção só são válidos para quem tem silo em casa ou depositou o arroz na safra em armazéns credenciados e que proporcionam para o produtor poder executar os contratos, o que são muito poucos armazéns!
Alguém tem que pagar a conta das INDUSTRIAS DO PAÍS, elas poluem os rios, ar que respiramos e camada de ozônio e o CODIGO FLORESTAL vem pra nós, elas querem exportar mas a moeda podre de troca é o arroz, o MERCOSUL já nasceu morto para o setor primário, quem pode mais chora menos e as industrias enchem os bolsos dos políticos e nós morremos abraçados.
PRECISAMOS RADICALIZAR, É A NOSSA VIDA E DE NOSSAS FAMÍLIAS E ACIMA DE TUDO A NOSSA HONRA E HISTÓRIA DA ATIVIDADE, tudo isso ameaçado pors uns engravatados que recebem salário pago por nós todos os meses, NÃO VAMOS FAZER NADA????
CHEGAAAAAAAAAAAA, EU NÃO QUERO PASSAR FOME E ENTREGAR MINHAS COISAS PROS BANCOS.
Interessante como nos arrozeiros somos persistentes, o setor esta ruim a anos jah, esse ano entao esta horrivel, mas permanecemos plantando ate quebrar por completo. E no outro ano jah tem outro plantador na mesma area (acreditando que se plantar mais vai dar lucro, pura ilução).
nossa 18 pila pelo saco de 50k da uma refeiçao no restaurante e ainda se o cara tem fome vai pagar + .