México anuncia pacto com empresas para tentar conter inflação

 México anuncia pacto com empresas para tentar conter inflação

(Por Valor Econômico) O México anunciou nesta quarta-feira (4) um aumento da produção de alimentos básicos, como milho, arroz e feijão, como parte de um plano acertado com líderes empresariais para controlar a inflação.

A ideia do governo é evitar medidas de controle de preços ao consumidor — que estão em alta há duas décadas —, segundo informou o presidente do país, Andrés Manuel López Obrador, numa entrevista coletiva que concedeu ao lado de seu ministro das Finanças, Rogelio Ramírez de la O.

Em linhas gerais, o governo disse que pretende aumentar a produção de grãos em 2 milhões de toneladas, a de produtos alimentícios em 800 mil toneladas e reduzir a zero as tarifas de importação de alimentos básicos. Além disso, embora não haja “controles de preços”, o governo garantiu “pactos voluntários” com produtores e grandes varejistas para manter o preço de 24 alimentos básicos (por exemplo, pão branco e arroz) congelado por 6 meses. Segundo Ramírez, esses pactos terão impacto em um terço do IPC.

“Aumentar a oferta de alimentos e grãos, reduzir tarifas de importação e ficar longe de medidas coercitivas e controles diretos de preços são medidas positivas”, comentou o diretor e chefe de pesquisa do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos. “No entanto, não está claro como a oferta de alimentos pode aumentar significativamente no curto prazo e, devido ao aumento dos custos de fertilizantes e outros custos de produção, qualquer suprimento local adicional de alimentos e grãos provavelmente ainda será mais caro”, completou.

“A experiência internacional e latino-americana com controles e acordos voluntários de preços não é positiva, pois tendem a reduzir a inflação no curtíssimo prazo, mas criam distorções nos preços reprimidos e geralmente levam a aumentos maiores mais tarde”, prossegue Ramos.

Em março, a inflação anual mexicana chegou a 7,45% — muito acima do centro da meta do  governo, de 3%. O país subsidia fortemente o preço dos combustíveis e tarifas públicas. Em 2021, o PIB mexicano cresceu 5%, mas não recuperou as perdas da contração 2020 — causadas pela pandemia de covid-19 —, de 8,4%.

O México tem sido um dos alvos prioritários das campanhas de exportação de arroz do Brasil e houve sucesso em algumas investidas para arroz em casca. No entanto, o Brasil ainda tem dificuldades de ingressar no mercado de arroz branco que é dominado pelos Estados Unidos. E, neste momento, não tem preços para competir e ainda leva desvantagem no preço do frete, já que precisa de navios enquanto os norte-americanos entram no México de trem e caminhão.

 

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