Ministro da Agricultura diz que o arrozeiro terá só o Manual de Crédito para renegociar dívidas

 Ministro da Agricultura diz que o arrozeiro terá só o Manual de Crédito para renegociar dívidas

Maggi: vai buscar mais, mas o melhor agora é optar pelo MCR

Setor ficou decepcionado com o anúncio, mas espera que o diálogo aberto com Blairo Maggi possibilite a ampliação das medidas.

 O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, inaugurou oficialmente a 19ª Feira Nacional do Arroz (Fenarroz) nesta quinta-feira, 26, em Cachoeira do Sul, mas não foi o portador de boas notícias para a cadeia produtiva. Ele anunciou que os arrozeiros e sojicultores que tiveram suas lavouras atingidas por perdas severas provocadas pelo fenômeno El Niño terão o Manual de Crédito Rural para atender suas necessidades. O Manual preve o parcelamento do custeio da safra em cinco anos, parcelas anuais e juros contratuais. Os agricultores, como medida paliativa, já estão acionando o direito de usar a prorrogação prevista pelo manual, mas entendem que ele não resolve a situação. Esse parcelamento previsto no MCR não necessita autorização do Ministério da Fazenda.

"Não resolve, é uma medida que só posterga o pagamento, mas de qualquer maneira os produtores estarão fora do acesso ao crédito oficial para a próxima safra que começa em 90 dias, já é preciso comprar os insumos, preparar a terra e ainda tem gente colhendo lavouras com alto percentual de quebra", afirmou o presidente da União Central de Rizicultores (UCR), Ademar Kochenborger.

O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles, afirmou que a notícia realmente frustra o setor, mas acredita que a sinalização do ministro de que o Banco do Brasil vai atender caso a caso e buscar solucionar tudo o que puder, gera esperanças. "O ministro conversou um dia inteiro com os arrozeiros, visitou lavouras afetadas pelas enchentes, viu a dimensão dos estragos e do desespero de produtores que perderam tudo, e abriu uma porta de diálogo com o setor. Com isso, e com o apoio da bancada gaúcha, esperamos evoluir nestas negociações para condições mais adequadas à realidade do produtor", disse.

O presidente da Comissão do Arroz da Farsul, Francisco Schardong, também afirmou que as regras do Manual de Crédito Rural não resolvem a dramática situação dos arrozeiros, principalmente na Depressão Central. "Foi um caso excepcional de um clima que trouxe transtornos em todo o mundo. Isso exige, do governo, medidas excepcionais, um alongamento de prazos, a manutenção dos agricultores no crédito oficial e ações que cubram também os financiamentos em bancos privados, estaduais e cooperativos, pois o Banco do Brasil cobre apenas 60% do custeio do arroz no Rio Grande do Sul", destacou.

Superintendentes regionais do Banco do Brasil, Banrisul e Sicredi estiveram presentes à Audiência Pública da Comissão da Agricultura da Câmara Federal, onde anunciaram que até o final do ano nenhum produtor afetado pelas perdas climáticas será executivado e que soluções serão buscadas. Mas, enfatizaram que as instituições estão preocupadas com a situação em função da necessidade de captar recursos para refinanciarem as próximas lavouras. "Ocorre que os bancos, os vendedores de insumos, máquinas, e até a indústria estão percebendo que não há produto no Rio Grande do Sul para pagar toda a safra. E na Depressão Central a situação é mais grave, pois se colheu apenas 60% do que esperava, há um déficit muito grande entre o que há de grão e o que há de dívidas para serem quitadas", exemplifica Kochenborger.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que para a próxima temporada o governo pretende disponibilizar 400 milhões de reais para seguro agrícola, mas a demanda é de 700 milhões. Ao mesmo tempo, informou que buscará junto ao ministério da Fazenda, Banco Central e outros organismos uma maneira de prorrogar os vencimentos destes produtores que perderam as safras em níveis maiores que o MCR, extensivo a todas as instituições financeiras e de maneira a garantir acesso ao crédito aos agricultores. Mas, recomendou que busquem o MCR emergencialmente, porque diante da situação política e econômica do país, todas as decisões são demoradas.

4 Comentários

  • Ainda é cedo para formarmos opinião sobre o novo ministro da agricultura, além do fato de expurgo da antiga ministra petista, Kátia Abreu, ser altamente positivo para os agricultores. Sendo o governo passado nocivo aos arrozeiros, lembrem-se dos leilões de estoques, na hora mais indevida e outras atitudes prejudiciais relevantes; devemos levar em consideração o estado calamitoso das finanças e o rombo orçamentário herdado pelo atual governo.
    Estamos em um momento de transição política que se fez necessário, é o caminho correto apara moralizar a nação, porém o que mais nos atinge é o tempo que levará para os novos governantes botarem a casa em ordem e dar a devida atenção para a crise monstruosa que assola a classe arrozeira.
    A luta pela sobrevivência este ano será titânica, porém estes fatos novos nos dão um pouco de alento.

  • Primeiramente precisamos agradecer a comissão organizadora da Fenarroz, por ter ocasionado esse importante momento na presença do ministro, onde nós produtores acompanhados de deputados estaduais e federais relatamos o que está acontecendo com a lavoura arrozeira a mais de uma década, inclusive colocando o ministro em cima de uma colhetadeira dentro de uma lavoura de arroz, onde foi possível ele acompanhar a colheita de uma lavoura replantada em janeiro, com produtividade extremante baixa, a qual não ultrapassava 15 sacos de arroz por hectare. Além disso a feita nos possibilitou um grande debate sobre o seguro agrícola e de encerramento uma brilhante palestra do economista da FARSUL Antônio da Luz, o qual nos aparentou o atual custo de produção de um hectare de arroz nessa safra que está chegando ao fim, sendo que o mesmo chega a 7223,04 reais por hectare, o que com uma produção de 100 sacos por hectare dará o custo de 72,23 reais por saco. Isso vem ao encontro do que a UCR está falando a mais de 3 anos, dizendo que a conta não fecha e as dívidas só aumentam. O momento é de juntar as entidades e o governo em busca de uma solução para o setor seguir na atividade e obter renda. Caso contrário somos obrigados a parar de produzir. Novamente gostaria de agradecer a comissão e aos demais palestrantes e políticos, em especial ao ministro Maggi, que nos proporcionaram isso

  • No Brasil so uma coisa funciona. Pressao politica. Acabaram com o Ministerio da Cultura. Botaram pressao e criaram de novo o dito Ministerio. Esta na hora do pessoal pegar nossos deputados e senadores e se acamparem em Brasilia ate que tenham sucesso… Mas eu ainda acho que deveriam ficar sem plantar ou diminuirem area por uns 5 anos… O pessoal capitalizado jah esta com as areas prontas e entaipadas e estao seculos na frente… A industria ja esta sabendo disso… Entao nao sei se os preços vao chegar nos patamares que o pessoal quer e precisa… Quem nao chora nao mama… Pressao pessoal… Muita pressao!!!

  • receita do analista e corretor de soja Antonio Sartori:

    MARKETING, LOBBY E PRESSÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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