Mobilização no Irga mira o próximo governo
Instituto vem perdendo funcionários para a iniciativa privada.
A preocupação com o futuro do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) é um dos motivos para colocar a reestruturação da entidade na pauta da audiência pública que será realizada na próxima semana na Assembleia Legislativa. Ciente de que resta pouco tempo na atual gestão, o que o setor quer é deixar claro as metas a serem perseguidas no próximo mandato. Ou seja: a manifestação será um recado em alto e bom som para quem quer que venha a ocupar o Palácio Piratini.
Maior produtor nacional de arroz, o Rio Grande do Sul conta com o instituto para o desenvolvimento de série de ações, do desenvolvimento de novas cultivares ao trabalho de extensão junto a produtores. O problema é que o órgão vem perdendo funcionários para a iniciativa privada.
O motivo está na folha de pagamento: o salário do técnico superior orizícola é de R$ 4,3 mil. Uma vaga em instituição de ensino, por exemplo, costuma ter remuneração mais do que dobrada. Nos últimos três anos, 34 servidores saíram do Irga, hoje com 301 funcionários. Isso dá média de um profissional por mês.
– As pessoas continuam saindo, e a razão segue sendo a mesma: remuneração. Nos preocupa muito a perda de "massa cinzenta" do Irga – afirma o presidente Guinter Frantz.
Alexandre Velho, vice-presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz), reforça o temor da perda de técnicos qualificados:
– Queríamos modernizar, poder contratar, remunerar melhor os funcionários. O Irga é uma defesa para o produtor, ele não fica refém de empresas multinacionais, como na soja.
Atualmente, as cultivares desenvolvidas pelo instituto respondem por cerca de 60% da área semeada com arroz no Estado. A maior parte dos recursos do Irga vem da Taxa de Cooperação e Defesa da Orizicultura (CDO) – R$ 0,62 por saca de arroz. No ano passado, foram recolhidos cerca de R$ 83 milhões.
Do total, que entra no caixa único do Estado, foram utilizados cerca de R$ 60 milhões, segundo Frantz. Em junho, projeto de lei que permitiria equiparação salarial foi aprovado na Assembleia. O governador José Ivo Sartori sancionou, com veto à emenda de gratificação.
– A pauta da audiência pública já traz reivindicações para o próximo governo do Estado – confirma Velho.