Modelo americano
Canoa Mirim buscou tecnologia nos Estados Unidos
A Agropecuária Canoa Mirim, de Santa Vitória do Palmar, é uma das tradicionais arrozeiras gaúchas que busca no sistema sulco-camalhão um meio de “rodar” as áreas baixas com soja e milho e melhorar as características físicas e químicas do solo e a quebra dos ciclos de pragas, doenças e, principalmente, invasoras. O aspecto econômico também é importante. Para isso, foi importante uma gira técnica que seus diretores fizeram aos Estados Unidos, em especial Arkansas e Mississippi, onde viram de perto o funcionamento do método.
“Há particularidades, mas vimos arrozeiros que neste sistema têm opção de plantar soja, milho, algodão e amendoim, produzindo bem numa região cujo relevo é idêntico ao nosso e com características muito semelhantes”, observou Lauro Soares Ribeiro, engenheiro agrícola e diretor da Agropecuária Canoa Mirim, empresa que cultiva 10 mil hectares de arroz, seis mil de soja, mil de milho e começou a trabalhar com trigo no último inverno. Além disso, é uma das referências do extremo sul do Brasil em pecuária intensiva de corte.
Na primeira safra, foram semeados mais de mil hectares de soja neste modelo, e nas outras safras a área vem crescendo. “E é tão simples e eficiente que há muito tempo devíamos ter pensado nisso. Bem planejado e executado, o sistema permite uma eficiente drenagem pelos sulcos, mesmo em caso de grande volume de chuva, e não concentra água sobre os camalhões”, observou. Já para irrigar são utilizados politubos, os sulcos e os próprios canais da granja dimensionados para pronta resposta em caso de estiagem. A montagem dos camalhões e sulcos é terceirizada.
As tecnologias, além do conhecimento importado dos EUA, a empresa tem buscado junto a outras referências na área, como o Projeto Sulco.
SEM VOLTA
A adoção do cultivo de soja, milho e futuramente culturas de inverno em terras baixas é um caminho que não permitirá a volta à monocultura do arroz, seja pelo aspecto agronômico ou econômico, na visão de Lauro Soares Ribeiro. “Hoje se planta soja e milho pela metade do custo do arroz e se alcança resultado médio até 35% maior. Isso é determinante não só no planejamento, mas no caixa e na viabilidade da atividade agropecuária”, enfatizou Lauro Soares Ribeiro. Para ele, o uso de sulco-camalhão e tecnologias que dão suporte a cultivos alternativos e rentáveis nas várzeas gera um mundo de possibilidades para a safra na hora da tomada de decisão que o arrozeiro, há 10, 15 anos, não dispunha. Era arroz ou pousio. Essa rotina mudou e, segundo Lauro Soares Ribeiro, é pra sempre.
FALOU & DISSE
“O agricultor voltou-se pra soja pela oportunidade, mas também por necessidade. É um grande desafio que exige planejamento e execução perto da perfeição, mas isso trouxe soluções agronômicas e econômicas interessantes aos negócios. Talvez seja esse o caminho para gerar um movimento de valorização do arroz, buscar o equilíbrio entre oferta e demanda, custo e preço de venda, num futuro próximo”.
Lauro Soares Ribeiro, diretor da Agropecuária Canoa Mirim.