Motor movido a casca

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Forno de pirólise: produção de bioóleo

Bioóleo da casca de arroz poderá substituir o diesel
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Tecnologia desenvolvida no Laboratório de Pesquisa em Tratamento de Efluentes e Resíduos, do departamento de química da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), poderá transformar em óleo combustível cerca de 1,2 milhão de toneladas de casca de arroz que vão para o lixo anualmente no Rio Grande do Sul. O engenheiro químico Ayrton Martins, coordenador da pesquisa, explica que os bioóleos obtidos por meio da pirólise desses tipos de biomassa podem ser usados como combustível e também na geração de vários tipos de produtos químicos. 

Segundo ele, os balanços econômico, energético, social e ambiental são altamente positivos. O óleo derivado da queima da casca de arroz pode até ser usado no lugar do diesel derivado do petróleo dentro da própria indústria. “Com o uso de aditivos, pode até ser usado em veículos”, frisa Martins. Mas falta muito para chegar a essa fase. 

Agora, Martins fechou acordo com um grupo de produtores para construir uma usina-piloto em Santa Maria (RS), que processará uma tonelada/hora de casca. Serão investidos R$ 3 milhões em uma unidade de pirólise para produção do bioóleo e uma central termelétrica que produzirá energia com a queima de arroz. O bioóleo poderá ter outras aplicações. Bruto ou refinado, serve de matéria-prima para a indústria petroquímica, para movimentar motores estacionários e até para substituir o querosene. 

Fique por dentro
A casca é rica em sílica e pode ser aproveitada na produção de carvão ativado (usado por indústrias para filtragem). A diferença é que, para gerar bioóleo, a casca é submetida à temperatura de 500 ºC e, para se transformar em carvão, a 800 ºC. Uma tonelada de casca pode ser transformada em 160 quilos de bioóleo, ou 400 quilos de carvão, dependendo do processo adotado. A queima de uma tonelada para gerar energia elétrica produz de dois a três megawatts-hora (MWh).

Duas perguntas para Ayrton Martins
Serão criadas grandes usinas de bioóleo?

“O projeto visa a construção de unidade de pequena e média escala, pois a matéria-prima (biomassa) não deve ser transportada. A capacidade instalada das unidades integradas de combustão-pirólise deve ser compatível com a produção de casca de arroz. Nenhuma megaunidade é proposta”.

Qual a viabilidade econômica do projeto e utilidade do óleo?
“Imagine: matéria-prima a custo zero, pressão ambiental para descarte adequado, balanço de energia positivo (combustão da casca e gases de pirólise), alto valor agregado (bioóleo, carvão adsorvente, químicos e combustíveis, sílica). Não há como o balanço econômico ser desfavorável. O bioóleo pode ser usado como combustível (aditivo ou substituto ao diesel e/ou gasolina), fármaco de uso veterinário e humano, etc. Refinado, fornece fenol petroquímico, para produção de plástico, adesivos, fertilizantes, flavorizantes, fármacos e uma gama de produtos químicos-petroquímicos que podem entrar no mercado mundial”.

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