Muita resistência
Capim-arroz é uma das invasoras resistentes a herbicidas
Prejuízos causados por resistência a herbicidas podem ser reduzidos

“Estamos negligenciando muito o que a resistência a herbicidas tem causado na cultura do arroz.” A afirmação é do professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Aldo Merotto Júnior, responsável pelo encerramento do painel “Resistência a herbicidas e novas tecnologias de controle de plantas daninhas”, marcado para o último dia do 13° Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado.
Conforme o pesquisador, em muitas situações, o produtor pode gastar até mil reais por hectare com o controle de plantas daninhas, e esse custo está diretamente associado à resistência a herbicidas. “Caso não ocorresse resistência a herbicidas, o custo de controle seria de R$ 150,00 a R$ 200,00”, afirmou.
Merotto disse que, atualmente, os sistemas de produção enfrentam uma nova fase da resistência a herbicidas, com registros de casos de maior variabilidade. “Temos o efeito ambiental e da dosagem de herbicidas, mas também consequências associadas ao manejo que acabam interagindo e concorrendo para as plantas daninhas se tornarem resistentes ao defensivo agrícola. E o ponto a que isso nos leva é o de que existem oportunidades para manejo”.
Ele ffrisou que os herbicidas são ferramentas importantes, mas que é preciso observar alguns aspectos relacionados ao uso desses produtos, como a época de aplicação e as misturas utilizadas, para manter soluções viáveis e mais eficazes no controle e na minimização do problema.
Na ultura do arroz, as plantas daninhas resistentes a herbicidas representam um desafio crescente. O manejo integrado, que envolve diversas estratégias — como a rotação de culturas, o controle químico seletivo e práticas culturais —, é fundamental para mitigar os impactos dessas espécies resistentes.
Além de informações sobre a caracterização dos prejuízos causados pela seleção e propagação de plantas resistentes aos agroquímicos, o painel deverá apresentar projeções sobre a evolução da resistência do arroz vermelho, as novas tecnologias — como Provisia e Max-Ace —, bem como as novidades do mercado de herbicidas.
Modelo argentino
O painel contará com a participação do engenheiro agrônomo argentino Raúl Daniel Kruger, do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (Inta), que apresentará uma atualização dos principais pontos do sistema de controle de plantas daninhas no cultivo de arroz em seu país, os problemas enfrentados e as soluções que vêm sendo aplicadas.
A análise de pontos sensíveis das tecnologias Provisia e Max-Ace, dos métodos de manejo e do sistema de rotação de culturas — associados à persistência residual dos agroquímicos de uma cultura para outra, em sucessão ou rotação — será abordada pelo professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Edinalvo Camargo.
Fique de olho
As principais plantas daninhas resistentes aos herbicidas na cultura do arroz são: arroz-vermelho ou arroz-daninho (oryza sativa L.), capim-arroz (echinochloa spp.), capim-colchão (digitaria spp.), papuã (brachiaria plantaginea), junquinho (cyperus spp.), angiquinho (aeschynomene denticulata e A. indica), além do azevém (lolium multiflorum), muito utilizado como pastagem de inverno no Sul do Brasil em sucessão ao arroz, entre outras.
