Muito além de 6000
Projeto cresce e terá 90 áreas pela consolidação
nas terras de arroz
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A conjuntura das últimas temporadas indica que o arrozeiro gaúcho está certo em buscar alternativas de cultivo, renda e avanços agronômicos e conservacionistas para sua propriedade com a adoção do plantio de soja na várzea. No entanto, apesar de ser um caminho viável, é preciso ter cuidado com os altos riscos que adotar esta alternativa oferece. O projeto Soja 6000, do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), tem sido a base referencial destas mudanças. E para a temporada 2017/18 terá novidades com o uso de três modelos de entrada do cultivo da oleaginosa em áreas de arroz.
Serão 40 novas lavouras demonstrativas por este sistema, enquanto outras 50 adotarão o padrão das últimas três temporadas, em busca dos 6 mil quilos por hectare. Novos produtores se integraram. No primeiro caso, o objetivo é que os participantes consigam aproximar ao máximo as suas metas dos 100 sacos por hectare, que já foi superada na safra passada em Tapes. No segundo caso, foram definidos três modelos e metas por perfil das novas lavouras e suas limitações. Além das 100 sacas perseguidas na linha superior, há também o modelo para buscar 75 sacas por hectare e 50 sacas.
Embora possa parecer que são números mais comedidos, é importante lembrar que o Rio Grande do Sul colheu 31,6 sacas por hectare de soja em várzea na temporada passada, ou 1,9 mil quilos. Este volume, em geral, produz prejuízos mesmo com as vantagens agronômicas que a rotação pode agregar para a próxima lavoura de arroz. “No projeto de entrada estamos buscando usar aquilo que aprendemos nas três temporadas do Soja 6000 para que os agricultores que estão investindo nesta nova cultura não cometam os mesmos erros dos pioneiros. Há uma base tecnológica para transferir que garante o mínimo de segurança ao cultivo”, revela Rodrigo Schoenfeld, assessor técnico do Irga.
Na Campanha Gaúcha, por exemplo, há novidade com o ingresso de novos produtores no projeto, casos de Paulinho Meneghetti, em Cacequi, e Gilson Gindri, em Santana do Livramento. No final de outubro, Schoenfeld acompanhou o coordenador do Irga na região, Jair Flores, e os agrônomos e extensionistas Lafayette Neto, Vilmar Bueno, Janete Baumgardt e Alessandro Cruz num giro pelas lavouras do projeto.
Na safra 2016/17, o projeto Soja 6000 teve o primeiro participante superando a meta de 100,5 sacas por hectare em Tapes, superando a meta, e três agricultores chegando a 94,6 sacas, números expressivos levando em conta a média produtiva gaúcha de soja na várzea, que não passa de 31,6 sacas (ou 1,9 mil quilos) por hectare. Para Schoenfeld, agora que está demonstrado que é possível com o manejo recomendado alcançar os 6 mil quilos por hectare, o ajuste fino do projeto vai fazer a diferença para elevar a produtividade dos participantes e refletir também nas suas lavouras comerciais.
Segundo Lafayette Neto, engenheiro agrônomo do Irga em Santana do Livramento, o plantio da soja na várzea busca recuperar as melhores condições do solo e quebrar ciclos de pragas, o que é importante e poderá refletir também em melhores resultados para o arroz em sistema de rotação de culturas. “Mas, apesar dos riscos, o grande incentivo acaba sendo a busca de renda, pois a soja tem liquidez e, em geral, melhores preços e um sistema de venda que garante travar os valores antecipadamente para a venda na safra. E isso acima do custo de produção”, reconhece.