Na boca do povo

Pesquisa aponta perfil
do consumo de arroz e feijão em Goiânia (GO) e
será ampliada pelo Brasil
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 Alvo de muitas discussões, mas raras ações da cadeia produtiva, a necessidade de identificar o perfil do consumo de arroz – e feijão – no Brasil começa a obter respostas a partir da iniciativa do pesquisador Carlos Magri Ferreira, da Embrapa Arroz e Feijão, de Santo Antônio de Goiás (GO), e da Universidade Federal de Goiás (UFG). Com apoio da Camil Alimentos, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea/GO) e Cippal Consultoria Júnior, a pesquisa foi realizada em fevereiro com consumidores de Goiânia (GO).

Foram ouvidas 291 pessoas em 10 pontos do varejo na Região Metropolitana de Goiânia com amostra aleatória quanto a gênero, grau de instrução e faixa etária, mas de todas as faixas de renda. O consumo per capita de arroz e feijão não é maior porque parte da população substitui refeições por lanches. A alimentação fora de casa é mais frequente e, no caso, reduz o consumo. Dos entrevistados, 15% trocam o jantar por lanche ao menos uma vez por semana e 10% das refeições do mês são fora do lar.

O consumo por refeição em casa supera a média nacional. O brasileiro, em média, come 40 quilos de arroz polido e 16 de feijão ao ano. Dividindo os valores por número potencial de refeições ao ano, duas ao dia, se chega a 60 gramas de arroz e 22 de feijão por refeição. A pesquisa identificou consumo de 70 gramas de arroz e 26 de feijão. “O consumidor pensa ter reduzido mais a demanda, pois o prato é associado à comida servida em casa, pra família”, diz Magri.

A analista Tamillys Albernaz Luz, da Embrapa, observa que rotinas e horários apertados afetaram as condutas de quem trabalha fora e tem pouco tempo. Exemplo: 10,4% dos entrevistados congelam o arroz e 71,4% o feijão após o preparo para consumir durante a semana. Do arroz adquirido em Goiânia, 89% é branco polido. Do feijão, 96% é carioca.

PRATO CHEIO
Reginaldo Figueiredo, professor da UFG e um dos coordenadores, considera que o levantamento quantifica e qualifica preferências e hábitos observados até então de modo empírico, sem sistematização. Estes elementos devem ser aproveitados de diferentes maneiras por distintos segmentos, inclusive políticas públicas. O goianiense trata os dois alimentos de modo associado e considera importante comê-los ao menos numa refeição diária. E sabe que arroz e feijão têm propriedades nutricionais benéficas à saúde.

Segundo Figueiredo, 75% dos entrevistados, indiferentemente da renda, consideram marca e preço decisivos na compra e 64,3% pagariam mais por produto orgânico, que consideram saudável. Outros 75% consideram relevantes as informações das embalagens. A pesquisa será útil na promoção de iniciativas que valorizem a combinação tradicional da culinária brasileira.

“Estamos formatando parceria com a Faculdade de Nutrição da UFG para elaborar uma proposta de treinamento e capacitação em arroz e feijão às merendeiras do estado e a Emater-GO vai multiplicar os conhecimentos em 206 municípios”, frisa Carlos Magri Ferreira.

PREFERÊNCIA GOIANIENSE
89% consomem arroz branco polido
9,4% compram parboilizado
1,6% adquirem o tipo integral
75% escolhem por marca e preço
75% acham relevantes as
informações das embalagens
64,3% concordam em pagar mais por produto orgânico por ser saudável
60,3% acreditam que o arroz pode ser substituído nas refeições
15% trocam o jantar por lanche ao menos uma vez por semana
10% das refeições do mês são feitas fora de casa
10,4% congelam arroz para consumir durante a semana

Fonte: Carlos Magri Ferreira – Embrapa Arroz e Feijão, junho de 2017

FIQUE DE OLHO
Há propostas para realizar a pesquisa nas capitais do Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. A meta é compor um panorama do consumo nacional dentro da perspectiva de progressiva mudança do perfil do consumidor de arroz e feijão. Assim será possível identificar preferências regionais e permitir que a cadeia produtiva trace estratégias eficientes para o mercado.
A Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) apoia a iniciativa e deve auxiliar nas consultas.

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