Na dose certa

A área plantada com arroz no estado do Mato Grosso na safra 2013/14 deverá corresponder a 169,6 mil hectares, um aumento de 2% em relação aos 166,3 mil hectares cultivados no período anterior. Com base nesse incremento, a produção poderá chegar a 537,1 mil toneladas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em seu quarto levantamento da safra brasileira de grãos, divulgado em janeiro.

Na avaliação do presidente do Sindicato das Indústrias de Arroz do Mato Grosso (Sindarroz-MT), Ivo Mendonça, o volume a ser colhido poderá ser até 5% maior do que o previsto pela Conab, mas tudo vai depender do clima. “É sempre complicado fazer uma previsão antecipada, mas não acredito que a produção possa superar muito essa média de 500 mil toneladas. O consumo cresceu um pouco no estado, os preços estão na faixa de R$ 40,00 a R$ 42,00, temos qualidade de produto, mas estamos um pouco afastados dos grandes centros, o que dificulta escoar o excedente da produção”, estima o dirigente.

Para o pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão (GO), Carlos Magri, a cultura está encontrando seu ponto de equilíbrio no contexto econômico do estado. “Trata-se de um volume de produção bastante realista para o MT. A gente não quer mais de 500 mil toneladas, que é o que a indústria consegue processar e o que o mercado interno demanda”, aponta.

Já o aumento de 2% na área plantada, conforme o relatório da Conab, se deve à incorporação de novas áreas agricultáveis, em sua maioria pastagens degradadas. São áreas que não recebem a devida correção da acidez no seu cultivo, o que leva os produtores de grãos a investirem primeiramente no cultivo do arroz em função da sua tolerância à acidez do solo.

No documento, a entidade explica que, após uma ou duas safras consecutivas com a cultura, essas áreas estão aptas para serem cultivadas com soja e milho. Isso contribui para reduzir o custo inicial de implantação da lavoura, pois quando se opta por plantar uma cultura susceptível à acidez já no primeiro ano de cultivo, como a soja, há a necessidade de aplicação de calcário e aumento de doses de adubação.

Alternativa mais que perfeita

No Mato Grosso, o plantio de soja em outubro, seguido da semeadura do arroz em janeiro, na segunda safra, continua sendo uma opção lucrativa e que apresenta mais vantagens com relação ao manejo e à preservação do solo do que o sistema que intercala o plantio de soja com milho. “Além da vantagem econômica no plantio, o agricultor irá produzir duas culturas nobres na mesma safra e poderá aumentar a renda total da propriedade”, explica o engenheiro agrônomo e diretor da AgroNorte Sementes e Pesquisa, Ângelo Maronezzi.

As variedades indicadas para a técnica são a AN Cambará e Super Precoce. “O Cambará tem uma excelente aceitação no mercado. Possui forte tolerância à seca e é um arroz que não acama. O produto final também agrada muito a dona de casa”, acrescenta o diretor da AgroNorte. O uso da Cambará permite que a data limite para o plantio do arroz seja a primeira semana de janeiro. O arroz Super Precoce eleva ainda mais esse alcance, para a terceira semana de janeiro, com a formação de cachos em março. A técnica possibilita que o agricultor produza mais soja e arroz na mesma área em curto espaço de tempo.

Para áreas com pivô, a variedade mais indicada é a AN 7007, que apresenta como principais características ciclo de 107 dias e potencial genético para atingir sete toneladas por hectare.
O plantio do arroz também quebra o uso da monocultura e favorece o meio ambiente, contribuindo para melhorar a qualidade do solo. Utilizando o sistema que intercala o plantio de soja com arroz na segunda safra, a estimativa de produção é de 60 sacas por hectare, tanto de soja como de arroz. “O produtor consegue revolucionar a estrutura de sua propriedade gerando mais renda, produtividade e com mais uma opção de produto para trabalhar no mercado”, destaca Maronezzi.