Na medida

 Na medida

Custos e clima encolhem a safra, mas suprimento
está garantido por
colheita e estoques.

 Se o cenário econômico, de dificuldades de acesso ao crédito e alta dos custos de produção, já indicava queda na superfície semeada de arroz no Brasil na temporada 2015/16, o fenômeno climático El Niño se ocupou de consolidar a tendência. Com enchentes históricas e volume de precipitações recordes no sul do Brasil e chuvas em atraso no Centro-Oeste, o clima é o grande vilão da temporada. Houve diminuição de área semeada em todo o país.
No Sul, rizicultores entraram janeiro nas operações de plantio, em outubro e dezembro houveram enchentes históricas nos rios Uruguai e Jacuí e seus afluentes e também nos principais cursos d´água do sul e do norte catarinense que inundaram milhares de hectares de arroz. Alguns arrozeiros replantaram duas vezes a mesma lavoura, outros desistiram de semear a área planejada. No Centro-Oeste, a demora na chegada das chuvas alongou o ciclo da soja e atrasou o semeio. Essa condição afeta o arroz que seria cultivado em sucessão à soja.

Em janeiro a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou uma queda de 6,6% na área orizícola 2015/16, para 2,143 milhões de hectares. Serão 152 mil hectares a menos. A produtividade subirá apenas seis quilos por hectare, para 5.425 quilos (0,1%). Neste cenário, a previsão é de que o Brasil colha 11,63 milhões de toneladas de arroz em casca, em retração de 6,5%, ou quase 800 mil toneladas.

Percentualmente, as grandes reduções de área estão na Bahia (-52%), Rio de Janeiro (-40%), Roraima (-37%), São Paulo (-29,5%) e Minas Gerais (-25%), que optaram por alternativas mais rentáveis: olerícolas, tomate, pecuária, milho forrageiro, cana-de-açúcar e soja. São Paulo e Minas Gerais, dois grandes centros consumidores, aproveitam a alíquota zero para importação e vão buscar o cereal em outros estados ou países com vantagens tributárias. Em números absolutos, as maiores quedas estão concentradas nos grandes estados produtores: Rio Grande do Sul, com 40 mil hectares, Mato Grosso, com 24 mil hectares, e Tocantins, com 6 mil hectares. A lavoura gaúcha produzirá cerca de 700 mil toneladas abaixo da temporada passada, segundo relatório preliminar.

FIQUE DE OLHO

Como os números da Conab ainda são de janeiro, mas referentes a levantamentos de dezembro, o volume de perdas pode aumentar no Sul do Brasil e a área cultivada nas demais regiões, cujo plantio é mais tardio, pode reduzir. Por exemplo, o levantamento previa avanço na produção e produtividade catarinense, mas os registros de danos no norte daquele estado são significativos.

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