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Souza: desafio de aumentar os mais altos rendimentos

O desafio de elevar
a produtividade onde
os rendimentos são altos
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 Em cada lavoura e região arrozeira do Rio Grande do Sul há cenários desafiadores para elevar a produtividade com base nas práticas preconizadas no Projeto 10+. Em alguns casos, os produtores atingem resultados abaixo da média produtiva do estado, mas em outros as lavouras já alcançaram o teto. É o caso de um grupo de produtores-líderes que faz parte do programa no município de Agudo e Dona Francisca, na Região Central gaúcha, que Planeta Arroz acompanhou durante a fase de desenvolvimento da lavoura.

Pablo Mazzuco Souza, engenheiro agrônomo do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), em Agudo, conhece este desafio. “Quando já se está próximo do teto produtivo, o crescimento sustentado se dá com algum ganho do material genético ou um ajuste fino, nos detalhes do manejo”, frisa. Com oito produtores-líderes e unidades demonstrativas em Agudo, Dona Francisca e Paraíso do Sul, 14 roteiros técnicos foram realizados em fases cruciais da lavoura.

A região tem mais de 500 produtores e somente os técnicos agrícolas Giovani Wrasse e Cássio Wilhelm, o método do Projeto 10+ ajuda na difusão das tecnologias. “Se fôssemos atender a cada um dos produtores fora do roteiro técnico e dias de campo se tornaria impossível”, reconhece o agrônomo. Nestes roteiros, 184 produtores participaram, totalizando uma área de 7 mil hectares. “Com isso, atendemos mais de um terço dos rizicultores da região, meta que já foi ampliada para 2018/19”, cita.

As produtividades aumentaram nas áreas do projeto e nas lavouras comerciais dos participantes, mesmo com o clima um pouco adverso e alguma resistência dos produtores a algumas práticas, como o uso de nitrogênio no seco e o aumento de algumas dosagens de nutrientes. “Com os resultados do projeto, os agricultores adquirem confiança, trocam experiências e adotam as recomendações”, explica.

Perto do teto

Um dos grandes desafios do Projeto 10+ na região de Agudo é elevar produtividades e reduzir o custo de lavouras que já colhem perto ou mais de 200 sacas por hectare. Em alguns talhões da lavoura comercial alguns dos produtores já têm médias iguais ou superiores às de unidades do programa de altas produtividades. “São áreas com fertilidade natural melhor, mas a condução também faz a diferença”, explica Pablo Mazzuco Souza, coordenador do Irga em Agudo.

O engenheiro agrônomo observa, no entanto, que as áreas que têm mostrado maiores rendimentos são aquelas que foram trabalhadas com as doses recomendadas de aplicação de nitrogênio em solo seco, antes da entrada da água em estágio V3. “São doses maiores do que as que eles costumavam usar”, acrescenta Souza.

Todas as práticas do Projeto 10+ são alicerçadas na variedade Irga 424 RI, que responde bem a este manejo, em especial quando a lavoura é plantada dentro da época, bem estabelecida, com uma população de plantas adequada e, obviamente, limpa, sem infestação de ervas daninhas.

“Sempre precisamos estar atentos aos detalhes, sermos eficientes em todos os pontos. E isso começa pelo planejamento. Um bom plano de ação nos assegura eficiência em todos os outros pontos de manejo da lavoura, e obviamente, fazer uma lavoura de mais agronomia, acreditar que é possível manter altos rendimentos e reduzir custos sem perfumarias ou produtos usados por desencargo de consciência ou por garantia”, informa.

Resultados não vêm sem eficiência

 

Buske: plantio direto e rotação com soja

Na Região Central do Rio Grande do Sul, região que compreende Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno e São João do Polêsine, estão algumas das mais eficientes lavouras do Brasil. São áreas relativamente pequenas que por um século cultivaram arroz ano após ano, o que fez os rizicultores se tornarem experts para manterem a rentabilidade.

O desafio, para eles, é alcançar um rendimento por área que compense novos investimentos e aproxime-se do limite do potencial das cultivares, poisa média colhida fica em torno de 10 toneladas por hectare em suas áreas comerciais.

Clóvis e João Giuliani, na localidade de Cerro Chato, em Agudo, transformaram uma parte da lavoura em um verdadeiro laboratório a céu aberto, com 12 áreas destinadas ao Projeto 10+ em 20,9 hectares, cada uma com um manejo diferente. A média total foi de 11.970 quilos por hectare. O projeto agregou maior quantidade de nitrogênio (N) aplicado em cobertura. O melhor resultado foi 13.860 kg/ha, com aumento da adubação de base.

O produtor Jair Buske, na Picada do Rio, também em Agudo, trabalhou com duas áreas no projeto. Uma conduzida em plantio direto com a última colheita realizada no seco, obteve 12.459 kg/ha. Outra, na resteva de soja, alcançou média de 14.415 kg/ha. “A área cultivada após a soja se sobressaiu por uma série de fatores, como a estrutura física do solo, pois estava em ambiente sem inundação por mais de um ano, e também pelos benefícios nutricionais que a soja agrega”, explica Buske.

O terceiro ponto enfatizado pelo rizicultor foi a oportunidade de fazer o manejo ideal, pois o solo foi preparado em abril, reduzindo o custo operacional. Jair Buske acredita que entre os avanços que pode ter em suas lavouras está plantar ainda mais cedo se houver uma janela ideal para a semeadura.

VERMELHO
Nas áreas comerciais não há tanta diferença, pois o agricultor mantém um manejo igual ou até mais intenso. “São áreas com infestação de arroz vermelho resistente que exigem mais tratamentos. Tenho me antecipado e abaixo toda a soca após a colheita para não permitir o rebrote. Paralelamente, pretendo aumentar as áreas com soja, pois é o método mais rápido de limpar a área e resgatar a produção eficiente de arroz, e adotar o plantio direto, o que baixará meu custo”, frisa.

Buske reconhece que na safra 2017/18 empatou com a soja, mas o lucro virá com os benefícios ao arroz, como o controle do arroz vermelho e outros inços. “A cultivar não foi a ideal, plantei tarde e a drenagem não foi eficiente, lições para a próxima safra, pois o resultado no arroz é muito expressivo”, assegura.

Com áreas de plantio direto nas quais cultivou a variedade argentina INTA Guri CL, o rizicultor Jair Buske colheu resultados superiores a 10 toneladas por hectare. Para ele, uma boa alternativa que traz vantagens na qualidade do solo e reduz o custo de produção, pois dispensa o preparo e despesas com combustível e manutenção de maquinário, mão de obra, entre outros fatores. “Mas isso só acontece nas minhas melhores áreas, recuperadas com rotação com a soja, e nunca em áreas de alta pressão de resistência”, ensina.

Na área de Projeto 10+ de Alexandre Peserico, na Várzea do Agudo, duas unidades foram preparadas. Na que houve apenas uma aplicação de nitrogênio em solo seco o rendimento chegou à média de 12.321 quilos por hectare. Na segunda área, onde houve duas aplicações de N, a média alcançou 12.963.

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