No limite
Rio Grande do Sul amplia
área plantada e produção
para a temporada 2013/14.
Mesmo conhecendo o risco em aumentar a oferta de arroz no mercado brasileiro, os arrozeiros gaúchos ampliaram a área semeada para a safra 2013/14 em 2,7%, passando de 1,078 milhão de hectares na temporada passada para 1,107 milhão. Apesar das questões de mercado, o aumento da área é natural. Pela primeira vez em três anos, as barragens de água para irrigação têm capacidade máxima, há duas safras os preços se mantêm remuneradores, apesar das intervenções do governo, e o uso da soja nas áreas em pousio, que representa um terço praticamente da superfície semeada com arroz, remunera e permite reduzir a pressão de oferta na safra. A expectativa do Irga é de uma produtividade média de 7,5 mil quilos por hectare, o que projetaria a safra em 8,3 milhões de toneladas.
O presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Cláudio Pereira, explica que o crescimento da área só não foi maior porque o rizicultor está assimilando as tecnologias e a oportunidade oferecida pelo cultivo de soja e milho em várzea, e também está consciente de que não pode aumentar significativamente a produção, já que o Brasil tem uma demanda bastante ajustada e o mercado internacional está bastante concorrido. “O clima ajuda, o inverno recuperou as barragens como há anos não se via. Com abundância de água e preços razoáveis, o produtor vai plantar, mas obter renda é que é fundamental”, acrescenta.
Pereira ressalta que, apesar de um ligeiro atraso no plantio por questões climáticas muito pontuais em algumas regiões, como no Sul – por excesso de chuva e frio noturno – e na Fronteira Oeste, onde a germinação atrasou um pouquinho por falta de umidade no solo e algumas baixas temperaturas, a instalação das lavouras está indo muito bem. “Devemos beirar os 100% semeados até o final de novembro”, analisa. A expectativa de estiagens em janeiro e fevereiro é considerada positiva em função dos reservatórios e mananciais terem grande disponibilidade de água para a irrigação. “O arroz precisa de água no pé e sol na cabeça, com baixa oscilação de temperaturas e muita luminosidade, e tudo indica que este ano teremos essa condição ideal”, analisa o presidente da Câmara Setorial Nacional do Arroz, Francisco Schardong.
NÚMEROS
Em seu segundo levantamento de safra, divulgado em novembro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta uma área cultivada entre 1,098 milhão de hectares e 1,130 milhão no Rio Grande do Sul na temporada 2013/14, com aumento entre 3% e 6% sobre 1,066 do ciclo anterior. A produtividade estimada é de 7.463 quilos por hectare, com um avanço de 0,3% sobre o período 2012/13. A produção total estimada ficou entre 8,199 milhões de toneladas e 8,438 milhões, o equivalente a uma colheita de 3,3% a 6,4% maior.
FIQUE DE OLHO
Durante a safra 2013/14, além das tecnologias voltadas ao arroz, o Irga promoverá novos ensaios em sistemas de produção e equipamentos para o cultivo de soja e milho em várzea. A Embrapa Clima Temperado e as universidades gaúchas voltadas às ciências rurais também realizarão testes e avaliações. A meta é consolidar não só os sistemas de manejo de irrigação e drenagem, técnicas e equipamentos de plantio, mas também o uso de fertilizantes, defensivos, o monitoramento de variedades e o comportamento de doenças, pragas e invasoras, além da implantação de pastagens em sucessão às culturas, agregando um potencial de produção pecuária mais intensiva nestes ambientes no inverno. O Irga contará com reforço especial: chamará 100 profissionais aprovados em concurso público, que vão atuar também nos núcleos municipais de extensão e assistência técnica e na Estação Experimental do Arroz.