Novo leilão para importação de arroz está descartado se preços se mantiverem baixos
(Por Giane Guerra/GZH) Um novo leilão para importação de arroz não está no radar do governo federal. A garantia foi dada pelo ministro do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, na Expointer. Ciente de que não há risco de desabastecimento, só haverá a compra se o preço subir demais. O patamar ideal, segundo o ministro, é de R$ 20 a R$ 25 um saco de cinco quilos vendido ao consumidor.
– Temos conversado com os produtores de arroz, que estão nos garantindo que manterão os preços baixos, embora tenhamos percebido aumentos na semana passada. Mas precisamos manter este diálogo porque quem come arroz é o trabalhador brasileiro, que trabalha pesado – disse o ministro.
A coluna havia prometido encaminhar o questionamento ao governo federal quando conduziu o Painel RBS em parceria com Federarroz e Abiarroz, entidades que representam os produtores rurais e a indústria do grão. Obviamente, a possibilidade preocupa bastante o setor.
O leilão anterior foi desgastante e acabou cancelado após denúncias de irregularidades, que levaram à exoneração do diretor responsável na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A cadeia produtiva do arroz atribuiu o pico de preço que levou ao leilão à grande procura pelo alimento no início da enchente, dizendo que o ajuste de mercado levou à queda posterior nos valores, como argumentava ao governo federal que ocorreria.
Lula avisou que está de olho nos preços
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, neste sábado (24/8), que está “no pé do ministro da Agricultura”, Carlos Fávaro, e do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, para que o preço do arroz apresente uma redução. A declaração ocorreu em São Paulo.
“Eu ando brigando com Paulo Teixeira porque faz mais de dois meses que eu mandei fazer um leilão para baratear o preço do arroz nesse pais. Eu vi um pacote de 5 kg a R$ 33. Falei ‘não é possível'”.
Lula ainda citou a anulação de lotes arrematados no leilão de compra pública de arroz importado e beneficiado, realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em junho. A anulação se deu por falta de capacidade financeira das empresas em honrar os compromissos.
“Não foi possível fazer a importação porque teve um erro na licitação, teve denúncia e anulamos a licitação, mas ele sabe e o ministro da Agricultura que estou no pé dele para baixar o preço do arroz porque eu disse que ia baixar o preço da picanha e a picanha baixou”, apontou.
O petista ainda citou o cenário econômico do país alegando menor taxa de desemprego dos últimos 14 anos, além de melhores salários.
“A gente está tendo o maior aumento da massa salarial; 90% das categorias profissionais fizeram acordo recebendo aumento de salário, acima da inflação. Tem gente que acha que eu não deveria dar o salário mínimo para os aposentados e eu vou continuar dando aumento de salário mínimo, porque é a melhor forma de fazer distribuição de renda. Vamos continuar gerando emprego. Vamos continuar gerando investimento”, concluiu.
No começo de maio, questionado sobre a alta dos preços do arroz e do feijão, Lula disse considerar a possibilidade de importação de arroz e feijão.
“Se for o caso para equilibrar a produção, a gente vai ter que importar arroz, a gente vai ter que importar feijão, para que a gente coloque na mesa do povo brasileiro um preço compatível com aquilo que ele ganha”, disse na data.