Novos horizontes

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Carmona: integração é a chave

A integração
lavoura-pecuária
ganha força como uma importante estratégia
na busca pela inovação
da gestão produtiva
.

Os sistemas mistos de exploração de lavoura e pecuária têm chamado a atenção pelas vantagens que apresentam em relação aos sistemas isolados de produção. É a integração lavoura-pecuária (ILP). Trata-se de um conceito que abrange a diversificação, rotação, consorciação ou sucessão das atividades agrícolas e pecuárias dentro da propriedade rural de forma planejada, constituindo um mesmo sistema, de tal maneira que haja benefícios para ambas.

A ILP possibilita que o solo seja explorado economicamente durante todo o ano, ou na maior parte dele, aumentando a oferta de grãos, fibras, lã, carne, leite e agroenergia a custos mais baixos devido ao sinergismo entre lavoura e pastagem. Na esfera científica, os sistemas que envolvem cultivo de grãos e sua interface com a produção animal têm sido propostos há décadas como alternativa de uso sustentável da terra. É conceito antigo, cujo uso reduziu após a Segunda Guerra Mundial pelo crescimento das monoculturas. Já a pecuária cresceu muito no Brasil a partir de 1970.

Por muito tempo, agricultores e pecuaristas se dedicaram a uma ou outra atividade exclusivamente, cenário que mudou na última década. Em terras baixas no Rio Grande do Sul a ILP chegou a ser mais difundida, e mesmo adotada na década de 1980, com pastagens de azevém-trevos-cornichão em áreas de pousio de arroz. Entretanto, na década de 1990 e início dos anos 2000, com a tecnologia Clearfield, a lavoura arrozeira tomou rumos de cultivo extremo, focada em aumento produtivo.

Os estudos com ILP no RS foram retomados em 2011, através da parceria entre o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com culturas voltadas para a região da Campanha, como arroz, soja e milho em áreas de várzea. A partir de 2013 as pesquisas ganharam caráter mais abrangente, com a criação do projeto Sistemas Integrados de Produção Agropecuária em Terras Baixas, desenvolvido por uma parceria público-privada entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Embrapa Pecuária Sul (Bagé) e Embrapa Clima Temperado (Pelotas), Serviço de Inteligência em Agronegócios (SIA) e Irga, tendo como campo experimental 18 hectares na Fazenda Corticeiras, em Cristal (RS).

O coordenador do projeto, Felipe Carmona, define o protocolo experimental: Sistemas Integrados de Produção Agropecuária em Terras Baixas é uma ação multi-institucional liderada pela Ufrgs que visa fomentar a diversificação e integração das atividades agropecuárias em várzeas. “O objetivo é testar na prática diferentes propostas de produção e apresentar, a partir do que for observado, os resultados relacionados à sustentabilidade ambiental, produtiva e econômica de cada um”, explica.
Por ser um trabalho que engloba diversas culturas de grãos e pecuária, foi montada uma equipe multidisciplinar, com representantes da Ufrgs, Embrapa, SIA Irga, consultores privados, doutorandos e mestrandos.

FIQUE DE OLHO
Com este projeto, Felipe Carmona espera subsidiar os produtores rurais gaúchos na adoção de sistemas integrados de produção agropecuária a partir de recomendações específicas. “Uma vez consolidados, esses resultados serão transferidos ao setor produtivo com vista à implantação gradativa em parte dos mais de 2 milhões de hectares que permanecem em pousio ou pastejo extensivo no inverno. Isto possibilitará diversificação de renda e consumo menos intensivo de insumos, pois se entende que as atividades de lavoura, grãos, principalmente, e de pecuária isoladamente são sustentáveis em um determinado tempo, mas não se perpetuam, uma vez que ambas são cíclicas, sendo o cenário ora mais favorável para o pecuarista, ora favorável ao agricultor”, pontua.

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