O arroz por cima d’água
Embrapa e Emater estudam adaptação do arroz de sequeiro no RS
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O Rio Grande do Sul, que produz o melhor arroz irrigado da América do Sul, começa a buscar uma melhor adaptação às novas realidades de custo e já testa em seu território as variedades de arroz de sequeiro, utilizando sementes que já obtêm ótimos resultados nas lavouras do Centro-Oeste. O trabalho de pesquisa e avaliação de resultados vem sendo desenvolvido em parceria pela Embrapa Clima Temperado e a área de atividade da Emater, empresa de extensão rural do Rio Grande do Sul.
O estudo das parceiras tem como meta principal analisar o desenvolvimento das variedades nas características de clima e solo gaúchos, para atender uma demanda identificada fundamentalmente nas pequenas propriedades, assentamentos e reservas indígenas como produto de subsistência. O pesquisador da Embrapa Clima Temperado, de Pelotas, Paulo Fagundes, destaca que o trabalho de pesquisa ainda é muito incipiente. "É uma experimentação sem resultados concretos, desenvolvida para atender uma grande demanda setorizada", explicou o pesquisador.
Segundo dados do IBGE, 15,2 mil hectares de arroz de sequeiro são plantados anualmente no Rio Grande do Sul como cultura de subsistência. O tamanho médio das lavouras é de 0,3 hectare, espalhado pelas propriedades de quase 50 mil famílias. Os primeiros dados coletados nas lavouras experimentais têm apontado para resultados interessantes. Com um desembolso estimado entre R$ 350,00 e R$ 400,00 por hectare para bancar a formação da lavoura (a tecnologia aplicada no sequeiro é bem mais simples e mais barata), a atividade torna-se mais atraente à subsistência. Além disso, a produtividade de algumas parcelas pesquisadas alcançou rendimento superior a 4,5 mil quilos por hectare. "Há potencialidade para produzir até cinco mil quilos por hectare", disse Fagundes. A relação custo/benefício ainda será analisada.
Vantagens do arroz de sequeiro
• Menor custo de produção
• Tecnologia mais simples e acessível
• Menor número de sementes por hectare
• Dispensa sistemas complexos e onerosos de irrigação
• Menor custo de preparo de solo
• Tem o mesmo padrão do arroz comum
Fonte: Paulo Fagundes
Indisequeiro
• 15,2 mil hectares é o que o IBGE diz que o RS planta por ano
• 0,3 hectare é a média do tamanho das lavouras do arroz de sequeiro no RS
• 50 mil famílias trabalham com arroz de sequeiro para subsistência
• 3 setores são prioritários para a pesquisa: minifúndios, assentamentos e reservas indígenas
• 5 mil quilos é o potencial de produtividade das variedades de sequeiro
• 4,5 mil quilos por hectare é o que está sendo obtido de produtividade nos experimentos
Cultura exige banho ou irrigação suplementar
A cultura do arroz de sequeiro em coxilha ou várzea, no Rio Grande do Sul, exige banhos ou irrigação suplementar durante as fases críticas, como a floração, para produzir bem. "A cultura é de sequeiro, mas como o arroz irrigado, também é sensível à seca", avisou Paulo Fagundes, da Embrapa. Outro fator positivo para a implantação das cultivares do seco, principalmente maravilha e primavera, é que as experiências implantadas a partir de 98 ainda não apresentaram incidência significativa de doenças ou pragas.
"Por virem da região Centro-Oeste, onde há uma pressão maior de doenças e pragas, as variedades estão demonstrando muita resistência", explicou Fagundes. Ele reconhece que a resistência não é estável e pode ser quebrada. O pesquisador da Embrapa também destaca que estão em experiência os grãos tipo agulhinha, com boa aceitação no mercado. As pesquisas começaram em 1994 com variedades mais tradicionais de sequeiro, com grãos mais redondos.
Invasoras são o principal problema
A introdução da cultura de arroz de sequeiro em várzea, no Rio Grande do Sul, tem na infestação por invasoras o seu principal problema, segundo diagnóstico inicial dos técnicos que coordenam as experiências na Embrapa e Emater. Ocorrência de inços como o arroz vermelho, papuã e outros inviabiliza a produção.
Para combater o problema e buscar a viabilização da atividade, os técnicos estão trabalhando com o controle de invasoras através do manejo, da capina e herbicidas. Estão passando por experiência 36 locais em todo o Rio Grande do Sul. Cada local tem seis parcelas com 300 metros quadrados cada. São cinco parcelas com as variedades de sequeiro e uma de arroz irrigado.