O comércio agropecuário é como um time de futebol sem treinador

 O comércio agropecuário é como um time de futebol sem treinador

Autoria: José Nei Telesca Barbosa – Engenheiro Agrônomo, Advogado e Produtor Rural.

Há quase 30 anos bato na tecla que o produtor rural deve participar também da fase da comercialização dos seus produtos. Na verdade, não somente os produtores, mas também seus assessores técnicos e as entidades de classe, de pesquisa e de assistência técnica. O tema comercialização agropecuária é tão importante que há um jargão dizendo que o certo é “Vender para depois plantar” e não como é hoje “Plantar para depois vender”. Não dá mais para ouvir executivo de cerealista dizer que “para crescer tem que tirar de alguém” ou numa situação que ocorre na pecuária, “para se ganhar dinheiro tem que comprar bem” – não precisa dizer que a ponta que perde é a do produtor.

Como está posto hoje, o comércio dos produtos agropecuários é considerado um mito, um tabu, ou algo impossível de ser acessado e que deve ser feito por terceiros, os comerciantes, fora do âmbito do empreendimento rural. A este e a todos envolvidos cabe apenas tratar da produção e da produtividade. Já pensamos tratar-se de impedimento de ordem psicológica em não querer envolver-se com algo complexo que envolve dinheiro, perigo de calote ou simplesmente por um sentimento de despreparo.

Cabe a pergunta: As fases anteriores de planejamento, produção, produtividade, armazenamento são fáceis? Claro que não! Vemos que é apenas uma mensagem que foi colocada para uma manipulação e que é aceita por uma maioria, que ficam submissas aos altos interesses de corporações, tradings e financiadores de toda ordem. Enfim, o preço justo pela produção é algo fundamental para a capitalização de quem inicia o giro de uma “roda” e é a pior remunerada ou quando não amarga prejuízo ou tem a bancarrota da sua atividade. Como criar ou incorporar ao setor a atividade da comercialização agropecuária como item a ser fomentado, assistido e de responsabilidade do produtor, da assistência técnica e das suas lideranças?

Repetindo: – não basta a primeira fase da produção e da produtividade ou ainda: -“Produzir bem e vender mal não adianta nada!” Em seus seminários e congressos as entidades do setor incluem superficialmente temas sobre cenários e previsões, como se houvesse alguém profético ou com “bola de cristal”.

Não!

O tema comercialização exige técnicas de estratégia, organização, acordos, contratos, cálculos, enfim, muito de ciência. A maior renda que trará estes conhecimentos quando sistematizados e executados não servirão apenas aos produtores, mas também aos próprios comerciantes, agroindustriais, consumidores, trabalhadores e ao país como um todo.

Como está hoje estabelecido é uma vergonha, um desrespeito, ou um faz-de-conta.

Num comentário para uma rádio local, dissemos que o tema pode ser comparado a “um time de futebol sem treinador”, em que o time tem que entrar em campo, correr bastante e chutar, se possível, na direção da trave. Que cena pitoresca, um salve-se quem puder, ou quem pode mais chora menos!

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