O equilíbrio do prato principal

Autoria: Por Jussara Foletto – Diretora Foletto Alimentos.

“O Brasil, ocupando o 6º lugar na produção mundial de arroz, tem se destacado pelo crescente consumo interno e mesmo com a valorização do produto, a população brasileira encontrou dentro da própria casa o remédio ideal para manter sua população saudável e esbelta”.

A frase destacada acima poderia ser a manchete dos jornais brasileiros e seria muito interessante se o consumo per capita no nosso país não estivesse decrescendo tanto ao longo dos anos.

Segundo o IBGE, que realiza periodicamente a POF – Pesquisa de Orçamentos Familiares, na qual mostra os valores gastos e quantidades consumidas, nos domicílios, entre as famílias – o consumo do arroz na última pesquisa, em 2009, aponta para um consumo de 14,6 kg/pessoa/ano, contra os 30kg/pessoa/ano em 1985, ou seja, em 24 anos o consumo do brasileiro reduziu-se em mais de 50%.
Por que deixamos de comer arroz? Substitutos não faltam, com fortes investimentos em marketing, outros produtos estão tirando de nossos pratos uma combinação tão especial como o arroz e o feijão. Estes dois juntos são a principal fonte de carboidratos do brasileiro e em sua composição nutricional são complementares, garantindo uma dieta equilibrada.

Se todos esses argumentos ainda não forem suficientes, observemos a produção nacional de arroz, que supre a demanda nacional.

De nada adianta o setor produtivo passar por infinitas adequações ao Código Florestal, os agricultores serem altamente produtivos em suas propriedades, as indústrias investirem massivamente em novas tecnologias, os varejistas e atacadistas se desdobrarem para distribuir o produto, se o consumidor basear suas escolhas em mitos e em propagandas apelativas.

Este consumidor, que é o principal responsável pela existência de toda a cadeia, precisa de mais atenção e de informações reais sobre o verdadeiro valor do arroz ou iremos cometer o mesmo erro dos americanos, que deixaram de fazer o dever de casa não cuidando do seu consumidor, e depois de não terem mais para quem vender seu produto foram investir em propagandas e marketing no país vizinho, o México, para poder salvar uma cadeia.

Não vamos perder mais esta lição. Ou as instituições de toda a cadeia, como Federarroz, Irga, Sindarroz, Sindapel, Redes Arrozeiras, Abiap, Agas e Abras, entre outras, se unem etomem atitudes, entendam o valor do consumidor, que é verdadeiramente quem paga nossas contas, e estabeleçam uma estratégia para aumento de consumo, informando o real valor desse grão tão nobre, ou ficaremos a mercê de oscilações e exportações, dependendo apenas do mercado externo para sobrevivermos. E o consumidor continuará iludido, comendo marketing e deixando de desfrutar de um grão tão nosso e tão saudável.

Fontes:
EPAGRI: http://cepa.epagri.sc.gov.br/Informativos_agropecuarios/arroz/Arroz_10.03.2011.pdf
IBGE- POF

2 Comentários

  • Parabéns Jussara pela iniciativa em reavivar a importância do arroz na alimentação humana. Na minha opinião, a sustentabilidade da cadeia produtiva do arroz no Brasil passa PRIORITARIAMENTE pelo estímulo ao consumo do cereal.
    Não podemos deixar que o momento um pouco mais confortável no mercado mascare o problema da queda sistemática do consumo de arroz no Brasil.

  • Muito bom esse artigo!! Estamos pesquisando o consumo de arroz entre as famílias dos alunos do 4o ano.

    Obrigada!!!

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