O futuro da orizicultura ou a orizicultura sem futuro?

A crise atual da orizicultura nos faz voltar no tempo e reviver a grave situação que a lavoura gaúcha passou em 2000. Algumas situações evoluíram… outras nem tanto.

O Rio Grande do Sul representava apenas 45% da produção nacional, hoje evoluiu para surpreendentes 70% da produção.

O arroz de sequeiro, que era uma grande ameaça na época, sucumbiu, o arrozeiro gaúcho se profissionalizou dentro da porteira, a implementação de mecanismos de comercialização ágeis e modernos que sinalizavam preços de referência ao mercado, a termo e a futuro, criavam um hedge (proteção) na comercialização, as exportações se tornaram uma viva realidade e o país se consolidou entre os 10 maiores players mundiais criando outra plataforma de demanda.

Ainda neste sentido, o Mercosul desenvolveu uma estratégia conjunta de exportar seus excedentes para terceiros mercados e evitar a competição predatória e também foi discutida a possibilidade da adoção de cotas para o ingresso no Brasil. A soja entrou na várzea como rotação e alternativa de cultivo enquanto as entidades setoriais uniram-se e desenvolveram estratégias conjuntas para fortalecer o setor produtivo.

Um dos fatores mais importantes a se destacar é que todas as FACÇÕES DA LAVOURA buscaram a convergência e proporcionaram o nascimento de novas lideranças com um FOCO pró-ativo e não reativo. A cadeia produtiva, apesar das dificuldades, conseguia várias vezes se articular como SETOR, esquecendo da premissa “que uma cadeia é medida pela capacidade de suporte do seu ELO mais fraco” e se dando conta que praticamente tinha o oligopólio do principal e indispensável produto na mesa do consumidor nacional, o ARROZ.

O cereal fazia parte quase cotidianamente da mídia e os veículos de comunicação davam ampla repercussão a esse essencial e vital setor… Hoje, aparentemente não se percebe na mídia que realmente estamos diante de uma crise histórica, mas os preços ao consumidor, no varejo, continuam em torno de R$ 3,00, ou seja, margens extremas em relação aos preços pagos ao produtor…

Mas, principalmente, a capacidade de MOBILIZAÇÃO do arrozeiro, sua INDIGNAÇÃO com a situação, de termos a coragem e a ousadia de fechar uma BR 101, aonde grande parte do escoamento da produção vai para os grandes centros de consumo, e outros locais vitais…, servindo como um clamor social de que a situação se tornou INSUSTENTÁVEL e que a sociedade de consumo, a mídia, as autoridades Competentes (!) tinham que tomar conhecimento e reconhecimento daquela realidade… e de ser, dentre todas as cadeias do Agro brasileiro, a única que o principal VETOR de ação de mudança é o ARROZEIRO!

Estamos numa crise histórica, em plena entressafra!!!!

E hoje, onde estamos? O que queremos? O que faremos? E aonde chegaremos?

MARCO AURÉLIO MARQUES TAVARES
ADM. DE EMPRESAS E PRODUTOR RURAL

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