O jornalista, o pré-candidato e o produtor rural

Autoria: Anderson Ricardo Levandowski Belloli *.

Ao se iniciar os preparativos para a produção agrícola da Safra 2012/2013, cumpre discorrer sobre afirmações distintas realizadas recentemente em veículos de informação do Rio Grande do Sul, sendo a primeira de um jornalista especializado em agronegócio e a segunda de pré-candidato ao cargo de Chefe do Poder Executivo de um município do Estado do Rio Grande do Sul.

No que concerne à afirmação do jornalista, essa diz respeito, em suma, ao fato de que apesar dos “volumosos” montantes disponibilizados pelo Governo Federal com o escopo de financiamento da produção agrícola, grande parte desse quantum permanece nos cofres dos agentes financeiros na medida em que parcela considerável dos produtores rurais não possuem acesso ao crédito, já que se encontram, por diversos fatores, em situação de grave crise econômica, resultando na exclusão do sistema oficial de crédito rural, fazendo com que esse produtor concretize sua produção mediante financiamentos paralelos (leia-se majorados), situação, via de regra, ignorada pelos Governos Federais.

De outra banda, o pré-candidato ao cargo de Prefeito de um município do interior do Estado referiu, em outras palavras, em entrevista à emissora de rádio, que um dos grandes responsáveis pela desigualdade social no Brasil seriam os produtores rurais, já que essa classe seria a única beneficiada por planos e medidas de prorrogação de financiamentos vinculados a atividade laboral, uma vez que os demais segmentos, tais como comércio e indústria, não possuiriam esses “favores”.

Contudo, convém lembrar que os produtores rurais, em geral, não são objeto da proteção administrativa-jurídica estatal como os demais setores da economia referidos na entrevista (indústria e comércio), sendo que, tendo em vista as limitações desse artigo, impende apenas questionar se alguém conhece um produtor rural que tenha usufruído dos benefícios da recuperação judicial prorrogando grande parte de seu passivo pelo prazo de 10, 15 ou 18 anos? Se essa possibilidade existisse dezenas de centenas de produtores não estariam preocupados em encontrar uma nova vocação laboral.

*  Assessor Jurídico da Associação dos Agricultores de Dom Pedrito e da Federarroz – juridico@federarroz.com.br

3 Comentários

  • sem falar na la´ninha que assola nosso estado e a nossa regiao central do estado com as barragens e açudes vazias e rios com niveis alarmantes, e sem nemhuma política de seguro rural e preço minimo. Mas sobre o comentário do pré candidato diria o jornalista Bóris Casói, ISTO É UMA VERGONHA.

  • Cabe fazer consideração ao artigo do jurídico da Federarroz. Muito embora se saiba da sua pouca jornada de experiência profissional. Há que se salientar que as pessoas que criticam os produtores rurais possuem uma idéia distorcida da realidade, fruto de uma imensa INCOMPETÊNCIA de comunicação das nossas Entidades representativas; diga-se também Federarroz em não conseguir transmitir da importância do produtor rural para a Sociedade Urbana. Também, é preciso dizer ao articulista, no dever de atenção aos bons exemplos, como a ação judicial movida pelos Sindicatos no assunto da soja contra a Monsanto. Nessa questão, lamentavelmente a carta de apoio solicitada pelos autores da ação à Federarroz faleceu em desconsideração. Assim como o parecer jurídico emitido da Federarroz, desestimulando por completo a ação que visava judicialmente garantir o preço mínimo decorrente de Lei aos arrozeiros, no ano passado. Fico assim a refletir e me perguntar: o que fazem as nossas Entidades maiores? A quem elas estão realmente a servir?

  • Conveniente ao governo essa população que pensa que o arroz vem no pacote, o leite da caixinha, o pão da padaria e que o produtor causa inflação…

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